Outubro Rosa: uma vitória sobre o câncer de mama

“O tratamento de câncer é fundamental para a cura e cada fase, cruel e necessária, passa, não se pode desanimar jamais, lutar é preciso” (Rejane Tristoni).
06/10/2022 11:10
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Outubro Rosa: uma vitória sobre o câncer de mama

Devastadora. Assim é uma das doenças que mais afeta as mulheres, pois as agride física, psicológica e emocionalmente. Para superá-la, além do tratamento medicamentoso, é preciso muita força, fé e coragem. 

Há muitas mulheres guerreiras que venceram e que nos inspiram a lutar pela vida. Como uma homenagem a todas elas, contamos aqui a história da Rejane Hauch Pinto Tristoni, uma vencedora que compartilha o drama que viveu e traz alertas e dicas importantes às mulheres. Ela é atuante na Pastoral Litúrgica, Pastoral da Sobriedade e RCC da Paróquia Santa Cruz.

Rejane conta que em junho de 2021 sentiu um tumor na mama esquerda e imediatamente procurou um oncologista que, ao examiná-la, constatou que se tratava de um tumor do tamanho de um ovo e que estava retraindo toda a mama, o que lhe causou um grande choque: “Ver que minha mama estava torta me torturou muito, uma vez que, devido a correria do dia-a-dia, eu não tirava um tempo para mim mesma e mal me olhava no espelho”. Rejane salienta que sempre fez todos os exames preventivos ao câncer, contudo as imagense dos exames, feitos em maio de 2020 e de 2021, já registravam tumor, mas, infelizmente, não foi diagnosticado pelos médicos radiologista e ginecologista. Além disso, Rejane se queixava de dor na mama: “Eu sentia muita dor na mama e me lembro, por exemplo, que era dolorido abraçar as pessoas e pegar meu netinho no colo, mas fiquei tranquila, pois os médicos que me acompanhavam, diziam que o que aparecia nas imagens era benigno e que a dor que eu sentia advinha de tensão pré-menstrual”.

Isso acende um alerta, de que as mulheres precisam cobrar mais dos seus médicos e exigir investigação diante de qualquer dor ou suspeita. Rejane afirma que apesar da mama estar torta e o tumor ser perceptível, nunca percebeu e nem se preocupou, pois confiava na avaliação médica que sempre afirmava que ela estava bem.

Agora ressalta que, além de fazer os exames de rotina, as mulheres precisam ficar atentas às alterações do corpo e ao que aparece nas imagens, pois quanto antes detectar, mais fácil para tratar. 

 

O susto

Ao perceber que algo estava errado, Rejane correu ao especialista, que fez biópsia com urgência. “Eu já sabia que não estava tudo bem, mas rezava para que fosse um tumor benigno. Entretanto, foi diagnosticado um tumor maligno. Tratava-se de um câncer agressivo denominado triplo negativo”, disse. Na sequência fez uma bateria de exames para ver se havia câncer em outra parte do corpo, uma etapa muito dolorosa e sofrida, a qual detectou que o tumor se concentrava na mama. “Louvo e glorifico a Deus, pois tanto o resultado da biópsia, bem como todo o tratamento e procedimento, foram realizados com muita rapidez e eficácia”, diz ela.

 

Reação da família e amigos

O esposo Jerry Silvio Tristoni a acompanhou em tudo desde o início. “Choramos juntos ao receber o diagnóstico. Ele sempre me deu muita força e me disse: “vamos encarar juntos, eu estou com você sempre e Deus está cuidando de tudo”. Na sequência, “contamos aos nossos filhos e juntos enfrentamos. Minha família foi e é a peça fundamental durante todo o meu tratamento”. Rejane ressalta que os filhos João Matheus, Maria Eduarda, Nathalia, e o netinho Samuel, foram muito cuidadosos com ela. “A Maria Eduarda me acompanhou quando precisei raspar meus cabelos, por exemplo. Como foi confortante tê-la ao meu lado. Ela me dava e me dá forças, sempre me maquiava e me fez entender que eu não preciso de cabelo, sobrancelha, cílios para me sentir linda e amada. Meu filho João não me deixava sair sozinha, esteve sempre ao meu lado. Meu esposo esteve presente em todos os procedimentos médicos. O carinho e apoio de minha irmã Antônia, bem como de toda minha família me fortalecia e segue me fortalecendo. As orações e o carinho de meus pais, meus parentes e de muitos amigos queridos, sem dúvida suavizaram e suavizam a minha vida”.

Ela lembra que “é muitíssimo importante termos pessoas que amamos e que nos amam ao nosso lado, dando-nos força por meio de atitudes simples, tais como: “estou rezando por você”, uma maquiagem, uma comidinha. Ah!!! Eu nem podia ver comida em minha frente durante as quimioterapias, mas o carinho que meus filhos e esposo faziam a comida e me levavam na cama, me motivava a comer “forçadamente com carinho” e mesmo que na sequência, tristemente, eu iria vomitar, algo ficava e me fortalecia. Não há dúvidas que Deus me dá força e eu pude sentir o Amor Misericordioso de Deus por mim no carinho, nos cuidados e nas orações de meu esposo, meus filhos, meu netinho, meus irmãos, meus pais, meus amigos, no carinho dos padres que rezaram por mim, na Santa Eucaristia, na unção enfermos, na confissão, nos profissionais da saúde do COOP, meu oncologista Dr. Leandro Rodrigo Acosta que com muito acolhimento, profissionalismo e atenção, cuidaram de mim. Sou imensamente grata”, relatou Rejane.

O tratamento

Rejane iniciou o que ela define como ‘abençoado e cruel tratamento’ no COOP em junho de 2021, com 4 quimios vermelhas realizadas de 15 em 15 dias, das quais ela passava de 11 a 13 dias muito mal. Depois vieram 17 doses brancas, aplicadas semanalmente, das quais passava 5 dias muito mal. “As quimios são cruéis, com muitos efeitos colaterais, como perdas de cabelo, pêlos do corpo, intestino preso, perda de apetite, entre inúmeros outros. Isso me fez valorizar mais cada parte de meu corpo. Atitudes simples como sentir o intestino funcionando é algo que hoje eu valorizo muito”. O tratamento oncológico também a fez valorizar mais as pessoas e as pequenas coisas como, por exemplo, sentir o sabor dos alimentos, saber que estava respirando, que tenho muito mais do que mereço.  

As quimioterapias foram eficazes e ela não precisou retirar toda a mama, apenas um quarto, além de retirar o gânglio axilar. Ao todo foram oito meses de tratamento, com 18 radioterapias, que lhe causaram uma leve queimadura, muito cansaço, falta de ar e fadiga. “Aprendi que o tratamento de câncer é fundamental para a cura e que cada fase, embora muito sofrida, é necessária, que tudo passa e que não posso desanimar jamais, que lutar é preciso. Há dias que não temos forças para levantar da cama, precisamos respeitar nosso corpo, são dias difíceis ....., mas tudo passa...”, descreve Rejane.

 

‘Outubro Rosa’ 

O câncer de mama é um dos que mais mata mulheres no Brasil e no mundo. É fundamental que ele seja detectado o quanto antes. Por isso eventos como o “Outubro Rosa” contribuem muito, pois relembram e conscientizam a mulher que cuidar da saúde e fazer a prevenção evita, não somente tratamentos sofridos, como também mortes. É preciso nos olharmos mais, cuidarmos mais de nós mesmas, fazer o autoexame, bem como os exames preventivos: o quanto antes detectarmos mais eficaz e menos sofrido será o tratamento.

 

Dicas de quem sobreviveu ao câncer:

  • Fazer os exames médicos preventivos, inclusive o autoexame de mama;
  • Olhar-se: tirar um tempo para si mesma (o) e olhar-se em frente ao espelho;
  • Ficar atenta(o) aos sinais que o corpo emite para diagnosticar o mais cedo possível;
  • É importante que o companheiro/esposo também esteja atento;
  • Valorizar os bons momentos, viver bem a vida como se fosse o último dia;
  • Amar mais, demonstrar amor, receber amor, perdoar, pedir perdão, suavizar a vida;
  • Ocupar-se das coisas de Deus, procurar servir a Deus na Igreja;
  • Buscar o sacerdote, confessar, receber a Eucaristia, a Unção dos Enfermos e, sobretudo, confiar e entregar a vida a Deus sempre;
  • Não deixar que nada nos separe de Deus.



Fonte: Revista Nossa Senhora Aparecida
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