Francisco recorda Artêmides Zatti, "migrante, parente dos pobres"

Aos cerca de mil peregrinos recebidos na Sala Paulo VI, em vista da canonização do leigo professo salesiano, o Papa destacou a missão de uma vida inteiramente dedicada aos doentes, aos abandonados, aos descartados: sempre com um sorriso reescreveu um página do Evangelho na Patagônia.
10/10/2022 09:10
7 minutos de leitura
Francisco recorda Artêmides Zatti,

Manoel Tavares - Vatican News

O Santo Padre recebeu na manhã deste sábado (08/10), no Vaticano, os peregrinos da grande família Salesiana, que vieram a Roma para a canonização de Artêmides Zatti, que se realizará neste domingo na Praça São Pedro.

Em sua saudação aos numerosos peregrinos, Francisco agradeceu a presença do Conselho Geral, Cardeais e Bispos Salesianos e, de modo particular, os fiéis de Boretto, cidade natal de Artêmides Zatti, como também o agraciado pelo milagre do novo Santo e os provenientes da Argentina e Filipinas.

Em seu discurso, o Santo Padre falou sobre a vida de Artêmides Zatti, Irmão salesiano italiano, que recebeu a cidadania argentina, beatificado, em 2002, pelo Papa João Paulo II.

Opção pela vida Salesiana

Ao recordar a figura do novo Santo, o Papa partiu de quatro pontos de vista: migrante, parente de todos os pobres, salesiano coadjutor e intercessor das vocações.

Falando sobre o primeiro aspecto, Artêmides como migrante, Francisco recordou a chegada dos Salesianos à Argentina, em 1875, onde se dedicaram, de modo especial, à comunidade de emigrantes italianos. Artêmides conheceu os Salesianos em Bahía Blanca, aonde, em 1897, chegou com sua família da Itália.

“Infelizmente, disse o Papa, muitos migrantes perderam os valores da fé, devido aos vários trabalhos e problemas de adaptação. Mas, a família Zatti, foi uma exceção: participou da vida da comunidade cristã, manteve boas relações com os sacerdotes, rezavam em família e a frequência aos Sacramentos não faltou”. Neste âmbito, Artêmis amadureceu a opção pela vida Salesiana.

Vida a serviço dos enfermos

Aqui, Francisco explicou o segundo ponto de vista da sua reflexão: Artêmides, "parente de todos os pobres":

A tuberculose que o acometeu, aos vinte anos, parecia ter acabado com seus sonhos. Mas, graças à cura, obtida por intercessão de Maria Auxiliadora, Artêmides dedicou toda a sua vida aos enfermos, sobretudo, mais pobres, abandonados e excluídos. Os hospitais locais eram os únicos recursos para a saúde, mas, o heroísmo de Zatti os tornou lugares de irradiação do amor de Deus e de salvação, onde atuou como Bom Samaritano”.

Assim, os hospitais e as casas dos pobres foram as bases da sua missão, graças à sua profunda união com o Senhor, oração constante, adoração Eucarística prolongada e reza do terço.

Viver a missão em comunhão

Dito isso, o Papa passou ao terceiro aspecto da vida de Artêmides: Salesiano coadjutor, ao recordar seu testemunho e cura: “Se estou bem e saudável é graças ao Padre Evásio Garrone, missionário salesiano, que, ao ver minha saúde precária, como tuberculoso, pediu para eu fazer uma promessa a Maria Auxiliadora: “Se ela o curasse, estaria sempre em união com ela e cuidaria dos enfermos”. Assim, por intercessão da Virgem, foi curado”. Tendo recuperado a sua saúde, dedicou-se completamente aos pobres. Deste modo, o Papa destacou os três verbos da vida do Salesiano coadjutor: "acreditar, prometer e sarar". Assim, Artêmides viveu sua missão em comunhão com os seus coirmãos salesianos.

Carisma alimentado pela oração e o trabalho

Por fim, Francisco explicou a quarta e última característica da vida de Artêmides Zatti: intercessor pelas vocações, partindo da sua experiência pessoal, quando era Provincial dos Jesuítas na Argentina. Ao conhecer a história deste novo Santo, Jorge Bergoglio fez-lhe o pedido para obter do Senhor, santas vocações de vida consagrada para a Companhia de Jesus. Graças à sua intercessão, os jovens coadjutores aumentaram de modo impressionante. Partindo deste seu testemunho, o Papa destacou a importância da vocação Salesiana, de modo especial dos Irmãos coadjutores:

Os Irmãos têm um carisma especial, alimentado pela oração e o trabalho, e fazem tanto bem à Congregação: são piedosos, alegres e trabalhadores; não têm complexo de inferioridade, por não serem sacerdotes ou diáconos. Eles estão conscientes da sua vocação peculiar”.

O Santo Padre concluiu seu pronunciamento com uma exortação aos Irmãos coadjutores: “Sejam sempre gratos pelo dom da sua vocação e busquem dar um testemunho especial da vida consagrada e proponham aos jovens esta forma de vida evangélica a serviço dos pequeninos e mais pobres”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
Tags: