O Santo Sepulcro: na Basílica da Ressurreição, é sempre a Páscoa do Senhor

O anúncio da Ressurreição, as celebrações, as campanhas de restauração na Basílica do Santo Sepulcro onde sempre é Páscoa do Senhor. O sepulcro vazio o atesta, o Evangelho proclama: o Senhor verdadeiramente ressuscitou!
13/05/2022 14:05
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O Santo Sepulcro: na Basílica da Ressurreição, é sempre a Páscoa do Senhor

Lurdinha Nunes- Daniel Gonçalves - Jerusalém

Na Basílica do Santo Sepulcro, a alegria da Páscoa foi anunciada com a proclamação dos Evangelhos da Ressurreição de Jesus de quatro pontos diferentes ao redor da Edícula, correspondentes aos pontos cardeais: um gesto simbólico de como o anúncio da Ressurreição, de Jerusalém, chega a todos os cantos da terra. O Santo Sepulcro é considerado o local mais importante da fé cristã, com mais de 2000 anos de história, ciência e fé.

Através dos textos bíblicos, dos testemunhos dos vários períodos históricos, da rica documentação de imagens provenientes das campanhas de escavação e da colaboração de arqueólogos e historiadores da Custódia da Terra Santa, é possível fazer um percurso até aos dias de hoje, até a última restauração na Edícula da Ressurreição.

Nas narrativas bíblicas estão detalhes que auxiliam a pesquisa arqueológica.

O imperador Adriano, para apagar a memória judaica e cristã,  reconstruiu a cidade e a chamou de Aelia Capitolina. O lugar do Gólgota e o Sepulcro, desapareceram sob a maior parte do novo templo dedicado a Vênus.

Por volta de 327-329, Santa Helena, mãe do imperador Constantino, chegou a Jerusalém. Segundo Fr. Eugenio Alliata, arqueólogo do Studium Biblicum Franciscanum, pode-se dizer que, que ela fez uma descoberta arqueológica.

Fr. EUGENIO ALLIATA, ofm - Arqueólogo Studium Biblicum Franciscanum

"As tradições mais antigas dizem que a própria imperatriz quís escavar para encontrar este testemunho da morte de Jesus e que a sua iniciativa a levou a encontrar não só a cruz de Jesus, mas também outras cruzes. Era importante determinar qual era a verdadeira cruz de Jesus, que segundo alguns foi identificada através de milagres, segundo outros, pela presença do título da condenação de Jesus, de que fala o Evangelho: 'Jesus de Nazaré, o rei dos judeus’”.

Em 335, destruídos os templos pagãos pela vontade do Imperador Constantino, o Sepulcro redescoberto. Destruído e reconstruído várias vezes, o Sepulcro voltou a ser o coração do cristianismo depois que Jerusalém foi conquistada pelos cruzados, em 1099. Com uma Bula do Papa Clemente VI de 1342, a custódia do Santo Sepulcro e dos outros Lugares Santos, foi confiada à Ordem de São Francisco de Assis. A partir desse momento, uma comunidade franciscana se estabeleceu no interior da Basílica.

Fr. EUGENIO ALLIATA, ofm - Arqueólogo Studium Biblicum Franciscanum

"A Basílica do Santo Sepulcro é uma construção antiga, que remonta em parte à época dos cruzados, no século XII, e em parte a épocas ainda mais antigas. Em 1927 foi atingida por um terremoto muito forte, que causou a destruição de Jerusalém”.

Em 1960 começaram as obras de restauração na basílica. Foram 20 anos de árduos trabalhos arqueológicos e restaurações, que levaram a um resultado importante. Na apresentação da série sobre o Santo Sepulcro, o padre Virgilio Corbo escreveu: “Terminamos nosso trabalho de pesquisa e o apresentamos aos estudiosos. Resta-nos esperar que seja lido com amor para com Aquele que deste monumento, é figura triunfante”.

As restaurações na Basílica do Santo Sepolcro

Graças ao acordo entre os líderes das três comunidades responsáveis pela basílica: franciscanos, gregos ortodoxos e armênios - na primavera de 2016 começaram os trabalhos de restauração da Edícula do Santo Sepulcro.

O grupo de intervenção criado pela Universidade de Atenas, sob a direção da professora Antonia Moropoulou, envolveu nada menos que cinquenta profissionais, entre professores e técnicos de diversas especializações.

OSAMA HAMDAN - Professor - Universidade Árabe de Jerusalém

 

"No início a cúpula era aberta e a água escorria sobre a Edícula, criando alguns problemas, especialmente problemas estruturais de infiltração nas paredes. No passado, na época do Mandato Britânico, a Edícula foi reforçada com ferro para sustentar as paredes. Esta solução durou quase cem anos, e já não era possível mantê-la”.

Um momento histórico para o mundo cristão, mas também para o científico, numa obra em que a fé e a ciência se encontram.

Depois de mais de 200 anos desde a última restauração da Edícula, estudiosos e autoridades religiosas viveram um momento histórico: a laje de mármore que cobre o túmulo foi movida e foi possível ver novamente a rocha sobre a qual Jesus foi colocado.

Fr. DOBROMIR JASZTAL, ofm

Vigário Custódia da Terra Santa

"Eu estava presente, vi a lápide levantada e a rocha original aparecer, o lugar onde o corpo de Jesus foi colocado; naquele momento tão comovente, o pensamento quase que espontaneamente desejou voltar naquele dia depois do sábado, quando alguns discípulos, algumas mulheres foram ao sepulcro e o viram vazio”.


Fr. EUGENIO ALLIATA, ofm - Studium Biblicum Franciscanum - Jerusalém

"A rocha original do túmulo, o banco sobre o qual segundo a tradição foi colocado Cristo, está exatamente abaixo das duas lajes que o cobrem, portanto, aproximadamente  35 cm acima do piso moderno, não sabemos o quanto exatamente sobre o piso antigo".

Em 21 de março de 2017, a conclusão das restaurações foi celebrada com uma cerimônia ecumênica.

Em Jerusalém, na Basílica da Ressurreição, é sempre a Páscoa do Senhor. O sepulcro vazio o atesta, o Evangelho o proclama: o Senhor verdadeiramente ressuscitou!


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt
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