Gallagher, as esperanças e o futuro do Líbano

O Secretário para as Relações com os Estados, que acaba de voltar do País dos Cedros, informa aos membros do corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé sobre os resultados de sua visita. "Já estamos estudando a possibilidade de uma visita do Papa, talvez até o final do ano".
10/02/2022 17:02
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Gallagher, as esperanças e o futuro do Líbano

Francesca Sabatinelli – Vatican News

O desejo do povo libanês de que o Papa visite seu país em breve é muito grande, portanto, assim que as condições o permitam, uma viagem é concebível. Esta foi a premissa do arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados, ao informar os embaixadores acreditados junto à Santa Sé sobre os aspectos mais importantes da viagem que o levou ao Líbano de 31 de janeiro a 4 de fevereiro. "Já estamos estudando a possibilidade de uma visita, talvez até o final do ano", enfatizou o prelado, respondendo também às perguntas dos diplomatas.

Uma visita que tocou as realidades do país

A visita ao Líbano, explica o arcebispo, foi uma experiência muito "interessante em termos da intensidade dos encontros e excelente do ponto de vista político-diplomático", por ter podido "tocar as realidades" do país, e por ter constatado como "todos queriam contato com a Santa Sé e a Secretaria de Estado", mas também por ter visto claramente como no Líbano, cada um segundo a sua própria perspectiva, "seja necessário um verdadeiro consenso sobre problemas e soluções". Durante a visita, dom Gallagher encontrou-se, entre outros, com as famílias das vítimas da explosão no porto de Beirute (4 de agosto de 2020), que lançaram apelos para que se faça justiça. Eles "sentem uma forte sensação de frustração", disse, pois temem que o "processo seja obstruído". Outro ponto muito importante da realidade libanesa, levado ao conhecimento do prelado, é o grave problema na vida dos libaneses ligado à "liquidez e acesso aos bancos", que está associado à inflação. Além disso, a presença de refugiados sírios no país começa a ser percebida por muitos libaneses como um perigo para o equilíbrio demográfico e econômico.

Eleições de maio

O ponto-chave da política libanesa continua sendo a implementação dos acordos de Ta'if (um tratado que pôs fim à guerra civil no país entre 1975 e 1990) e a questão do "confessionalismo", que é um dos pilares desses acordos. Gallagher também se detém nas propostas apresentadas por algumas das personalidades libanesas, entre elas o cardeal Béchara Boutros Raï, Patriarca de Antioquia dos Maronitas, para se chegar a uma "neutralidade" do Líbano. "Parece ser um elemento essencial para o futuro do Líbano", sublinha Gallagher, para quem, no entanto, na região, falar de "neutralidade será difícil". A dar resultados e ajudar a um maior progresso poderia ser a próxima etapa "indispensável" das eleições de maio, tendo em mente, no entanto, que os problemas do orçamento poderiam afetar a votação da diáspora libanesa que, adverte Gallagher, não pode ser ignorada, e que deve ser considerada uma parte ativa do país, uma vez que constitui um importante apoio econômico para as famílias que permaneceram no Líbano.

Os desafios e as esperanças da juventude

Depois de uma referência ao importante papel do exército no país, Gallagher chega ao coração de uma das maiores preocupações que ele expressou, e que diz respeito à juventude libanesa. Os testemunhos ouvidos durante a visita, explica, concordam que todos os jovens estão deixando o país, incluindo os "jovens maronitas cristãos". Por outro lado, no entanto, enquanto havia "testemunhos angustiantes", havia também "testemunhos e projetos de esperança", como o Centro Juvenil Carlo Acutis dos Padres Lazaristas, que ele visitou. Por parte dos jovens, acrescentou, não faltaram críticas à Igreja libanesa, que é vista como "rica no meio de tantos jovens pobres", um problema que o arcebispo Gallagher também abordou no sínodo maronita. Finalmente, não faltou a referência ao importante aspecto do diálogo inter-religioso, "muito sentido, assim como o diálogo ecumênico", o que torna muito forte o desejo de "dar seguimento ao convite do Papa de 1º de julho do ano passado" (o Dia de Oração pelo Líbano desejado por Francisco). No país, concluiu dom Gallagher, a visita do Papa ao Iraque "teve um grande impacto, especialmente o encontro com o Aiatolá Ali al-Sistani, um fator muito forte que foi uma fonte de encorajamento para todos".

Fonte: http://www.vaticannews.va/pt
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