Apelo de cientistas e líderes religiosos: ações rápidas para curar a Casa comum ferida

O documento, assinado esta manhã pelo Papa Francisco e outras autoridades durante o encontro "Fé e Ciência. Rumo à Cop26", pede para que no mundo se alcance a emissão zero de gás carbônico o mais rápido possível, se reduza emissões próprias e se financie a redução de emissões das nações pobres.
04/10/2021 18:10
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Apelo de cientistas e líderes religiosos: ações rápidas para curar a Casa comum ferida

Salvatore Cernuzio/Mariangela Jaguraba – Vatican News

"Herdamos um jardim: não devemos deixar um deserto para os nossos filhos." A imagem é simbólica, mas o compromisso é concreto. Cientistas e líderes religiosos de diferentes culturas e países assinaram um Apelo conjunto com o Papa, esta manhã (04/10), na Sala das Bênçãos, no Vaticano, para selar o encontro "Fé e Ciência" convocado pelo Pontífice antes da Cop26 de Glasgow. "O conhecimento da ciência e a sabedoria das religiões" se unem para pedir à Comunidade internacional, que estará representada na Escócia de 31 de outubro a 12 de novembro, no evento da ONU, para que "tome medidas rápidas, responsáveis e compartilhadas para salvaguardar, restabelecer e curar nossa humanidade ferida e a Casa confiada aos nossos cuidados". Concretamente, isto se traduz em "atingir zero emissões de gás carbônico o mais rápido possível, assumindo a iniciativa de reduzir nossas próprias emissões e financiar a redução de emissões das nações mais pobres" (Leia o apelo completo aqui).

Todos os governos devem adotar uma trajetória que limite o aumento da temperatura média global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Ação transformadora

Olhamos para o futuro, para as novas gerações que "não nos perdoarão se perdermos a oportunidade de proteger nossa Casa comum", mas devemos agir no presente: "Agora é o momento de tomar medidas transformadoras como resposta comum", afirma o documento. Urgentes, na verdade, são os "desafios sem precedentes que ameaçam nossa bela Casa comum", todos ligados a "uma crise de valores, de ética e espiritualidade".

As nossas crenças e espiritualidades ensinam o dever de cuidar da família humana e do ambiente em que se vive. Somos profundamente interdependentes uns dos outros e do mundo natural. Não somos donos ilimitados de nosso planeta e de seus recursos.

O Papa Francisco assina o Apelo conjunto

O Papa Francisco assina o Apelo conjunto

As mudanças climáticas são uma ameaça grave

Portanto, é uma "obrigação moral" cooperar na cura do planeta e ser "guardiães do ambiente natural com a vocação de cuidar dele". Isto deve ser feito trabalhando "a longo prazo", "num âmbito de esperança e coragem", e ao mesmo tempo mudando "a narrativa do desenvolvimento". "As mudanças climáticas são um ameaça grave", dizem os signatários do Apelo, e imploram as nações com maior responsabilidade e capacidade a "fornecerem apoio financeiro substancial aos países vulneráveis e acordarem novas metas que lhes permitam tornar-se resistentes ao clima, adaptar-se às mudanças climáticas e enfrentá-las".

“Os direitos dos povos indígenas e das comunidades locais devem receber uma atenção especial.”

Estilos de vida e modelos de consumo e produção sustentáveis

Os governos também são chamados a adotar "práticas de uso sustentável da terra que respeitem as culturas locais e a promover estilos de vida e modelos de consumo e produção sustentáveis". "Deve-se considerar plenamente os efeitos da força de trabalho desta transição", afirma o documento, que convida as instituições financeiras, bancos e investidores a "adotarem um financiamento responsável" e as organizações da sociedade civil a "enfrentarem estes desafios num espírito de parceria".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt