Farol na escuridão de um mundo marcado pela violência e pelos conflitos, que precisa de fraternidade, paz e amizade social. Segundo Francisco, o chamado a iluminar onde tudo parece perdido, é o coração da ação inspirado no Evangelho, vivido pela Fraternidade de Romena e pelo Grupo Nain.
A missão da instituição italiana, localizada na província de Arezzo, é acolher pessoas ou casais que precisam de "um pouco de pão, carinho e sentir-se em casa", inclusive pessoas que vivem situações de luto, e que pedem para viver alguns dias de convívio, oferecendo-lhes trabalho, oração, momentos de silêncio na simplicidade e criatividade. Francisco, em seu discurso na manhã desta quinta-feira (23/11), aos cerca de 500 participantes presentes na Sala Paulo VI, registrou que “hospitalidade, cuidado e fraternidade, são três experiências por meio das quais permitem que a luz do Evangelho seja difundida e afaste as obscuridades da vida”.
O Papa afirmou que essa é a experiência vívida por aqueles que chegam cansados e oprimidos, em meio à beleza da natureza e ao encanto do silêncio, para passar alguns dias na antiga igreja paroquial românica onde está sediada a Fraternidade de Romena, "um espaço de beleza, simplicidade e escuta".
No espírito do Evangelho, em Romena, "qualquer pessoa pode se sentir em casa": "o amor gratuito de Deus", encorajou o Bispo de Roma, "não condições impostas nem cargas sobre os nossos ombros, mas simplesmente nos acolhemos e nos ama gratuitamente".
“Não percam esse espírito, trabalhem sempre para cultivar esse estilo de abertura e acolhimento, para continuar a ser um oásis de liberdade, expressando o amor infinito e gratuito de Deus por todas as criaturas.”
A compaixão de Jesus, a participação interior que o leva a chorar com quem chora e a curar as feridas, inspira o serviço oferecido pelo Grupo Nain, que acolhe e acompanha o percurso dos pais que viveram o drama da perda de um filho: "uma dor imensa, inconsolável, que nunca deve ser banalizada por palavras vazias e respostas superficiais”.
Saber "chorar juntos", observar o Papa, é uma vocação própria de Romena: "A paróquia foi de fato construída em um tempo de fome e de crise, para ser uma pequena luz na escuridão daquele momento histórico".
“Romena nos lembra disso: ser cristão significa cuidar dos feridos e dos que sofrem, acender pequenas luzes onde tudo parece estar perdido.”
Francisco sublinhou aos presentes que no coração do modo de vida de Romena está a fraternidade, "um espaço no qual deve-se cultivar a beleza de estarmos juntos e descobrir no rosto de cada irmão um motivo para amar".
“E eu gostaria de lhes dizer que esta também é a profecia da Romena”, destacou o Pontífice, “levar adiante o sonho de um mundo fraterno e solidário; semear a paz e a amizade social. O mundo de hoje, ainda marcado pela violência e pelo conflito, tem grande necessidade disso”.
Mas a amizade social está ameaçada por uma doença infecciosa, exotou o Papa Francisco: a fofoca:
“Eu sei, eu conheço um remédio muito bom para a fofoca, que dá bons resultados, se vocês quiserem eu digo: morder a língua. Porque quando se tem vontade de fofocar, morde-se a língua, a língua incha e então não se consegue fofocar...”
Francisco pediu à Fraternidade que "continue a praticar a hospitalidade fraterna, a oferecer um lugar onde as pessoas possam descansar e onde cada um possa se sentir amado por Deus e parte de uma fraternidade universal, aquela que o Pai quis inaugurar em Jesus e que Jesus nos pede para construir junto com Ele e com o Espírito Santo".
Ao final o Santo Padre recordou um precioso ensinamento do fundador: “a vida é de fato muito curta para ser egoísta”, e concluiu: “desejo que continuem com esse sonho e abençoo-os de coração”.