PODE DEUS PERMITIR O SOFRIMENTO? - por Dom Adelar Baruffi

18/01/2023 08:01
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PODE DEUS PERMITIR O SOFRIMENTO? - por Dom Adelar Baruffi


Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (PR)

Como Deus pode permitir o sofrimento? Ivan Karamasov, no romance de Dostoievski, Os irmãos Karamasov, que ele é muito lindo, assim disse, diante da possibilidade de aceitar o mundo criado por Deus. Para ele, o preço era alto demais. Ele não quer achar um mundo criado por Deus. Para ele, o preço é alto demais para ele pagar, como pessoa, pelo sofrimento que enche o mundo. Assim ele diz: “Minha bolsa não me permite pagar um preço de ingresso tão alto. Por isso apresso-me também a devolver meu cartão de ingresso. Não que eu não concorde com Deus, Aljoscha, mas resignadamente devolvo meu cartão de entrada nele”. Deus não quer o sofrimento humano e, também, não o manda. Muitas vezes, fico imaginando quantas dores e sofrimentos estão no coração e na vida de tantas pessoas. Nós, que já somos adultos, sabemos a grande quantia de sofrimentos que existem. Sim, eles são muitos. Se você que me ouve é uma dessas pessoas, procure logo uma solução, falar e falar. Quase sempre o ser humano se volta para Deus no momento difícil, de dor, para lhe levar o que está a lhe pesar em sua vida.

Olhemos para Jesus Cristo, sempre Ele. De fato, ele sofreu muito em sua vida, que foi todo o tempo discutindo e devolvendo palavras com os fariseus. Ele viveu sempre em comunhão com o Pai. Todos os dias, à noite, ele se retirava para rezar ao Pai. E, durante aquele dia tão difícil, ele não falou “nada”, absolutamente “nada”. Somente algumas palavras, como podemos ver nos evangelhos. O modo como o trataram, de “cusparadas”, a cruz na cabeça, a dor de levar a cruz até o monte, no silêncio, ele deve ter tantas vezes pensado no Pai. Até o momento em que na cruz, levou uma palavra ao Pai: “Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou” (Lc 23,46). Neste momento, alguns sinais significativos aconteceram: um terremoto e a veste do Templo se rasgou. Diz um filme, que neste momento, Deus, seu Pai, chorou e largou uma lágrima. Com certeza, Ele chorou bastante. Este fato não é verdadeiro, pois não está na Escritura. Sua vida e seu jeito de ser, que trouxeram tanta dor para a humanidade, também são causa de nossa alegria. De fato, Ele ressuscitou após três dias. Este é o modo como Jesus viveu sua vida até o fim. Ou olhamos para as realidades do mundo, com todos os seus sofrimentos, ou olhamos para Deus que está sempre conosco. Acostumamo-nos a fixar o nosso olhar em Jesus Cristo, na sua cruz.

Vocês sabem que existe muita pobreza, física e psíquica nos nossos dias. Um dia que tiverem tempo, vão até eles. Vão nas suas casas. Eles vão falar a vocês. Peguem as crianças que lhes dão. Aí, como me disse uma senhora, no domingo dia 13 de novembro, no almoço na Catedral, eu gostaria de fazer isso ainda. Por que, eu perguntei: Eles estão tão felizes, disse ela. Eu fico muito feliz em saber que muito do dinheiro que vocês dão, vai para os mais pobres. Lembro a Pastoral da Cáritas, a Pastoral da Criança, a Pastoral do Idoso, a Pastoral dos Encarcerados e todos os que estão na droga. Sem dúvida, eles merecem nossa visita, sim. Também eles irão falar o que desejam. Provavelmente, não consegui convencer você, que está num momento de sofrimento difícil em vossa vida: Jesus Cristo sempre está conosco!

Lembremo-nos: também eles querem viver o Natal de Jesus Cristo!

Fonte: https://arquicascavel.org.br/
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