ARTIGO | O incenso - por Pe. Jean Zanelatto

É ele apreciado tanto pela fumaça que se eleva aos céus, morada divina, como pelo odor agradável que atrai e agrada os deuses; indica felicidade, bem-estar, vida eterna. No antigo Egito, o incenso era considerado um guia rumo ao além. Em algumas culturas, é usado para purificar o ambiente e afastar os maus espíritos.

Até cerca do final do século IV, não encontramos o uso do incenso na liturgia cristã, provavelmente porque se associava à obrigação imposta pelo Império Romano de oferecer incenso à imagem do imperador, como se fosse um deus. Muitos cristãos foram martirizados por negar-se a prestar esse culto.

Na liturgia queimar incenso, é um ato de adoração e de oferenda (sacrifício), é símbolo da oração que se eleva ao céu. Incensar determinados objetos (cruz, altar, livro dos evangelhos, círio pascal, pão e vinho) ou pessoas (ministros, assembleia, corpo do defunto) durante a celebração indica respeito, homenagem, sobretudo porque vemos neles uma referência à pessoa de Jesus Cristo. O perfume recorda o "bom odor de Cristo" (2Cor 2,14-17) que se derrama onde se anuncia o Evangelho.

Nas festas, leva-se um incensário/turíbulo para a procissão de entrada, incensam-se a cruz, o altar, o livro do Evangelho, o presidente e a assembleia, as oferendas; o pão e o vinho consagrados.

Na Liturgia das Horas, são previstas a queima de incenso durante o cântico evangélico (cânticos de Zacarias e Maria) e a incensação do altar, do presidente da liturgia e das pessoas.

Nas exéquias, o corpo é aspergido e incensado. O mesmo pode ser feito com o túmulo.

Queima-se incenso sobre o altar quando se dedica e, tratando-se de uma igreja, toda ela é incensada, como casa de oração; quanto à assembleia, é considerada como templo vivo em que cada fiel é um altar espiritual. O altar coberto pela fumaça do incenso que se eleva recorda o fogo que desce do céu para consumir a oferenda. Usa-se também em algumas bênçãos.

Na bíblia queimar o incenso equivale à oferenda  de um sacrifício; é um louvor de odor agradável dirigido ao Senhor, um gesto de expiação, oração e adoração. Oferecia-se   um sacrifício  de perfumes todas as manhãs e todas as tardes, como gesto de alegre adoração. O incenso deve ser preparado  com muito cuidado e, ao que parece, existiam lugares especiais para esse processo.