Catedral de Cascavel comemora 70 anos de criação da paróquia

Criada em 03 de junho de 1952, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida realiza nesse ano a sua 70ª Festa da Padroeira; E em 1962, por lei municipal, Nossa Senhora Aparecida também foi designada a Padroeira de Cascavel.
13/09/2022 09:09
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Catedral de Cascavel comemora 70 anos de criação da paróquia

Foto: Julio Szymanski Fotografia - Imagem da Catedral na semana da Pátria 


Em 1962, por lei municipal, Nossa Senhora Aparecida também foi designada a Padroeira de Cascavel. A elevação à Catedral aconteceu em maio de 1978, com a instalação da Diocese de Cascavel, sob a administração de Dom Armando Círio. E em 16 de outubro de 1979, a Diocese foi alçada à categoria de Arquidiocese e o templo a Catedral Metropolitana. 

“Nos seus 10 primeiros anos a paróquia foi assistida pelos padres do Verbo Divino”, conta o Pe. Santo Pelizzer, que assumiu como pároco em 1963. E foi ainda na década de 60 que se deu início à construção do templo atual. Em 1974, após o transporte solene da imagem sacra do antigo templo, que existia no mesmo terreno, à direita da atual Catedral, já foi possível realizar a primeira missa no novo espaço, no entanto a igreja só foi inaugurada em maio de 1978, quando a obra foi completamente finalizada. 

A elevação à Catedral aconteceu maio de 1978, com a instalação da Diocese de Cascavel, sob administração de Dom Armando Círio. E, em 16 de outubro de 1979, a Diocese foi alçada à categoria de Arquidiocese e o templo à Catedral Metropolitana.

Pe. Santo lembra que o projeto arquitetônico foi desenhado pelo arquiteto Gustavo Gama Monteiro, tendo como principal característica o telhado em laje plissada, com 18 gomos de concreto armado sobre 18 colunas, formando um leque que representa o manto e a coroa de Nossa Senhora. “Foram milhares de toneladas de ferro e cimento para construir a cobertura, que é toda feita de concreto”, Conta. O mestre de obras foi o Sr. Pedro Brunning, com sua equipe de pedreiros e muitos ajudantes voluntários. 

Fato curioso é que toda a obra foi edificada com trabalhos braçais. “Nem na terraplanagem não foi utilizado maquinário”, conta Pe. Santo. Ele lembra que a cada dia da semana vinham as pessoas de uma comunidade do interior e passavam o dia trabalhando na obra, enquanto as pessoas do comércio doavam os materiais para a construção.

Só pra se ter uma ideia da dimensão dessa estrutura, na cobertura foram utilizados 60 mil kg de ferro e 50 mil sacas de cimento, além de areia e pedra brita. “O que demandou uma fundação muito bem planejada para suportar tamanho peso”, disse Pe. Santo, que guarda na memória muitos detalhes da época.  

As paredes laterais do templo são de vitrais coloridos e as frontais, de vidro temperado. Detalhes que foram mantidos na revitalização realizada recentemente. Na parte de acabamentos, o destaque é para as esculturas, todas feitas em madeira pelo artista cascavelense Dirceu Rosa. 


Pioneirismo e fé

Pioneiro da cidade, Sr. Dércio Galafassi chegou aqui aos 15 anos, vindo com a família ainda em 1950, e em 20 de dezembro deste ano completará 72 anos de Cascavel. De família de católicos devotos, ele acompanhou toda a história da construção da Catedral, desde antes da sua fundação. Sr. Galafassi lembra que na época havia apenas uma capela de madeira construída em 1935, onde é hoje a Igreja Santo Antônio. “Moravam aqui poucas famílias, não mais do que 500 pessoas ao todo, mas lotavam a igrejinha. As pessoas vinham do interior, a cavalo e de carroça, aos domingos, quando vinha um padre de Toledo para rezar a missa”, conta ele que foi o primeiro coroinha e também ajudava o padre na liturgia. “A missa ainda era celebrada de costas e toda em latim, com as mulheres sentadas de um lado do corredor e os homens de outro”.

Segundo o pioneiro, a história do Oeste do Paraná seria incompleta se não inserisse nela a presença e a participação da Igreja Católica, em todos os acontecimentos que a fizeram desenvolver. 

Naquela época, Cascavel era distrito de Foz do Iguaçu e a capela Nossa Senhora Aparecida também pertencia àquela diocese. Galafassi lembra que, lá instalados, os padres da ação missionária saiam a cavalo unindo as comunidades, formando capelas e construindo igrejas. Em 1952, quando houve a emancipação do município, e o Estado cedeu para Cascavel as terras da região central da cidade, logo foi delimitada a área onde seria construída a Igreja principal. 

 

Um projeto ousado

Galafassi conta que a comunidade ficou abismada ao ver o projeto, pois era bastante ousado para a época e não tinham como construir. “Então os padres convocaram todos os madeireiros, que eram muitos, e estes doaram milhares de dúzias de madeira, o que possibilitou iniciar a construção. Com muito sacrifício de todos os paroquianos, foi sendo erguida aquela imponente obra, e hoje está aí, belíssima, servindo de cartão postal para a cidade”, enaltece Galafassi. 

Na cobertura estão 60 mil kg de ferro, 50 mil sc de cimento, areia e pedra brita.

A obra demorou cinco anos para ser concluída.

O pioneiro conta que a Igreja cresceu de forma extraordinária, com as diversas congregações e alguns padres que também vieram da Europa e instalaram seminários e colégios e fundaram paróquias na região.  

O pai, Florêncio (falecido em 1976) que veio de Caravaggio/RS para dirigir uma grande madeireira, se tornou um forte líder e ajudou a construir importantes obras na cidade, incluindo as primeiras escolas, o primeiro hospital e algumas igrejas.

A mãe, Emilia, havia trazido uma imagem de nossa senhora do Caravaggio para colocar na igreja quando aqui chegasse, mas como já tinha Nossa Senhora Aparecida, a guardou. Após o seu falecimento o pai resolveu restaurá-la e posteriormente, com a formação da paróquia do Jardim Maria Luiza, a imagem foi cedida para aquela comunidade. “Vi minha mãe sorrindo no céu, pois era seu desejo ter em Cascavel uma paróquia dedicada à Nossa Senhora do Caravaggio”, diz emocionado, Sr. Dércio Galafassi.   

Dércio se considera um cidadão privilegiado. “Estou numa cidade que eu vi nascer e teve um crescimento extraordinário, motivo de orgulho para todos nós, nosso município é motivo de admiração. Tenho me esforçado para deixar um mundo melhor. Eu minha esposa Darlene (falecida em 2021) sempre agradecíamos por toda a felicidade que sentimos, por aquilo que construímos em todos esses anos”, finaliza ele que, além da participação em toda a vida da Igreja local, foi vereador por 12 anos e presidente da Acic por dois mandatos. 


Preservando a História

A paróquia, que teve como primeiros párocos o padre Luiz Luiggi, Francisco Bernardi, Luiz Parolla, Bartolomeu Otta e Pierino Giraudo, todos vindos do Norte da Itália, que movimentavam a comunidade e possibilitaram a sua construção, é hoje administrada pelo Pároco Monsenhor Reginei José Modolo (Zico) e pelos vigários o Cônego Clemente Damiani e o Pe. Marcos Pires. 

Em 2017, deu-se início à reforma de todo o complexo da Catedral, desde o templo, a capela de batismo e o salão paroquial, que foi adequado às normas de segurança e de acessibilidade e ampliada a sua capacidade para mil pessoas. “Foi a primeira grande intervenção, com a troca dos vitrais portas e janelas, sistema de iluminação, restauração dos painéis, instalação de sistemas de segurança e climatização”, explicou Pe. Zico. 

O Pároco salientou que as mudanças foram necessárias por questões de manutenção e melhorias. “É nossa responsabilidade preservar algo tão belo e grandioso, que envolveu tanto sacrifício. Não falamos apenas de um templo, mas sim do maior monumento religioso do Oeste do Paraná, que tem impacto na cultura, na fé e na arquitetura da cidade”.

O projeto de reformas teve início com o Pe Nélio Zortéa, depois com Pe Admir Mazzali, mas coube ao padre Zico a sua efetiva implantação.  “Adequamos algumas coisas, porém fomos conservadores no sentido de não impactar muito com as alterações propostas”. O pároco explicou que o maior impacto visual ocorreu em três aspectos, a instalação do ar-condicionado, a criação da rampa de acessibilidade ao presbitério e a instalação dos confessionários, porém, todos muito necessários, para proporcionar um bom ambiente de oração, dar acessibilidade aos portadores de deficiência física e também para dar mais privacidade e criar um ambiente propício ao sacramento da confissão.  Também foi melhorada a iluminação noturna e lixados o piso e os bancos, trazendo de volta a originalidade do ambiente interno, bem como a imagem da santa que está sendo restaurada. 

O objetivo agora é pensar na reforma da praça no entorno da igreja, que demanda estudo e tempo.

Pe Zico ressalta que o que constitui verdadeiramente a Catedral é seu papel pastoral. “E isso mudou muito desde a sua instituição enquanto paróquia, há 70 anos. É a dinamicidade da Igreja, que precisa se abrir ao que é novo, ainda que preservando a herança espiritual e de costumes”. Nos últimos anos dois, por exemplo, foram implantadas algumas atividades, como a refundação do grupo de adolescentes – Grapa e a implantação das pastorais do idoso e social, feitas mudanças na pastoral do dízimo e na catequese, buscando maior envolvimento dos pais e das crianças.

Um grande impacto veio com a adesão às novas tecnologias, que mudou a comunicação com os fiéis, aproximando-os mais da vida paroquial e da evangelização. 

 

 Festa da Catedral também vai celebrar aniversário da paróquia!

 De volta ao padrão presencial, a 70ª Festa da Padroeira de Cascavel, vai comemorar os 70 anos de fundação da primeira paróquia do município, a Paróquia Nossa Senhora Aparecida.   

 E nesse ano vem com muitas novidades, tanto na parte religiosa, considerada a mais importante, quanto na parte festiva. “Vamos celebrar os 70 anos com a retomada da festa presencial. Embora tivemos muitos aprendizados com o sistema de Drive-thru, ele ficou para trás”.

Uma das grandes novidades da festa é a Corrida da Fé, que será realizada em parceria com o Colégio Marista, que nesse ano completará 60 anos de sua fundação em Cascavel. “Acreditamos que esse evento vai marcar o calendário religioso e turístico da cidade, passando a ser realizado anualmente daqui para frente”, destacou Pe Zico, salientando que também haverá a Caminhada da Fé, porém em horário e roteiro diferenciados. A corrida será às 7h da manhã, em um percurso de 4km e outro de 12km, enquanto a caminhada será às 16hs, saindo da Igreja Santo Antônio até a Catedral, o que compreende 2 km.

 Na parte religiosa, os diferencias então na Novena que começa dia 3 de outubro e terá procissão diariamente, sempre partindo do início do calçadão e a Romaria à Aparecida, que terá três ônibus indo buscar a imagem da Padroeira no Santuário, com chegada na missa das 10h do dia 02; além de um maior número de celebrações no dia 12, duas delas celebradas pelos bispos, a das 11h por Dom Aparecido e a das 19h por Dom Adelar.

Nesse calendário foram incluídas a missa dos atletas, às 9h e da missa das famílias às 12h30.

 Já a parte festiva, tem como principal novidade o lançamento antecipado e o espaçamento entre os eventos gastronômicos. A abertura será no dia 9 de setembro com o almoço de carnes nobres. Depois, a cada domingo será um prato diferente. “O objetivo é que a comunidade possa participar um pouco mais dos festejos, ficando a festa da praça para os cinco dias que antecedem ao aniversário da padroeira.  

 Mais uma vez os lucros serão divididos com as entidades beneficentes, valor este que foi ampliado para 50% do valor liquido, atribuindo-se assim um caráter mais caritativo à festa, que é um dos maiores eventos gastronômicos da região, ela quantidade e diversidade de pratos.  O que, segundo Pe Zico, só é possível realizar devido à grande colaboração dos leigos, dos empresários e benfeitores, que colaboram com a prestação de serviços e com doações.

 

Programação Gastronômica da 70ª Festa da Padroeira:

17/09 - Café Colonial - R$ 50,00

18/09 - Porco a Paraguaia - R$ 45,00

23/09 - Pizza - Drive Thru - R$ 35,00

24/09 - Frango a Califórnia - R$ 45,00

01/10 - Sukiyaki - R$ 40,00

12/10 - Almoço Italiano - R$ 45,00

 

BARRACAS: De 07 a 12/10

Fonte: Revista Nossa Senhora Aparecida
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