ARTIGO | A Eucaristia, sua verdade - por Dom Adelar Baruffi

06/09/2022 08:09
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ARTIGO | A Eucaristia, sua verdade - por Dom Adelar Baruffi

Desde que aqui cheguei, pelas paróquias em que tenho passado, fiquei muito bem entusiasmado com a perspectiva de nossas Igrejas. Elas são formadas ou restauradas para serem o que a liturgia nos ensina hoje. São abertas, bem ventiladas, os bancos estão no altar lateral, com duas mesas e somente essas duas: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia. No altar estão ou não o sacrário, lugar vivo de Cristo que vive entre nós, a cruz grande no centro de todo o caminho, e a imagem do santo protetor de seu povo. Não vemos mais nada além disso: sim, algumas flores, algum vaso e o grupo de cantores que se situa no lado dos que presidem. Assim, também, os leitores e o altar, onde celebramos voltados para o povo reunido em assembleia. Lembro, sobretudo, a sinagoga de Nazaré, onde Jesus já adulto se apresenta para realizar sua missão. É quem vai à sinagoga, sobretudo, com a Palavra de Deus em sua vida. Ele fez de um modo tão simples e sem nada de vínculos. 

Fiquei feliz ao ler o texto de nosso Papa Francisco, que fala tão bem da Eucaristia, da vida litúrgica em si. É a Carta Apostólica Desiderio Desideravi, aborda a formação litúrgica do povo de Deus. É o que eu tinha que esperar de fato! O Papa Francisco diz que gostaria de “contemplar a beleza e a verdade das celebrações cristãs” (DD, n.1). O Papa nos recorda que Jesus, antes de partir deste mundo para junto do Pai, “desejei muito comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão" (Lc 22,15). Com certeza, eles não entenderam nada antes de sua morte na cruz. Mas, Ele sabia bem do que falava. Deus, no seu Filho Jesus, quis permanecer conosco sempre. Seja pela sua morte na cruz, seja pela sua ressurreição. Ele quis. E, nós, o que fazemos? Ao chegar o domingo, por favor, deixemos nossa casa e vamos à Celebração da Eucaristia. Quando decidimos ir, é Ele que nos chama para esta missão. 

Nosso Papa Francisco fala disso, no dia 29 de junho de 2022, festa de São Pedro e São Paulo. “Aqui reside toda a poderosa beleza da Liturgia. Se a Ressurreição fosse para nós um conceito, uma ideia, um pensamento; se o Ressuscitado fosse para nós a memória da memória dos outros, por mais autoritários que fossem os Apóstolos, se não nos fosse dada a possibilidade de um verdadeiro encontro com Ele, seria como declarar esgotada a novidade do Verbo feito carne” (DD, n.10). O encontro com Cristo, vivo e revivido. É uma celebração verdadeira. Ela traz consigo todas as celebrações da vida cristã, tudo o que vivemos e somos. 

É claro que o Santo Padre sabe bem a quem ele dirige esta palavra e recorda, sobretudo, no gnosticismo e no neopelagianismo. “A primeira reduz a fé cristã a um subjetivismo que fecha o indivíduo ‘na imanência de sua própria razão ou de seus sentimentos’ (EG, n. 94). A segunda anula o valor da graça para confiar apenas na própria força, dando origem a "um elitismo narcísico e autoritário, onde em vez de evangelizar os outros são analisados e classificados, e em vez de facilitar o acesso à graça, se consome energia no verificar” (EG , n. 94)” (DD, n. 17). Lembremos que o sujeito celebrante é sempre a Igreja inteira.



Fonte: https://arquicascavel.org.br/
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