Jesus morreu crucificado! - Por Dom Adelar

Por Dom Adelar
08/04/2022 17:04
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Jesus morreu crucificado! - Por Dom Adelar

          Voltemos a falar sobre o que foi o Crucificado. Já falamos na semana passada, mas não importa de voltarmos o nosso olhar para o centro, para onde deve ir: o Filho, o Pai e o Espírito Santo.

Era uma manhã de domingo, Dia do Senhor. Neste dia estava na Catedral Arquidiocesana celebrando e um menino, depois de várias perguntas já feitas por outras crianças, perguntou ao Pe. Zico, que ficou responsável de fazer a homilia: “Porque Jesus morreu na cruz, sofrendo assim?”

          Vocês já imaginaram quantas vezes que esse menino pode ter se perguntado sobre isto? E, você, já se fez esta pergunta? Todas as vezes que nós entramos numa Igreja vemos Jesus Cristo morto por nós! Claro, vemos também a sua ressurreição, a vida nova que Ele trouxe.

          Estamos na Semana Santa e é tempo de nos perguntarmos seriamente sobre quem é este Deus em quem cremos. “Ele morreu e ressuscitou para todos nós" (2Cor 5,15).

          O homem tornou-se um pecador. A justiça divina tem o direito de pedir a reparação desta injustiça. Nenhum homem é capaz de exercer esta relação homem-Deus. Jesus, o homem-Deus, satisfaz esta justiça divina e refaz para a humanidade “a paz”. Qual relação com o Pai ficou estabelecida? Uma relação de um Pai quase “sádico”? Não, ele não trata assim seu Filho! 

          Ao olharmos para a Bíblia temos esta certeza: o Filho foi tão amado pelo Pai, que mesmo com sofrimento e dor, resolve doar sua vida. Mas, por que? Porque Ele, tão amado, fez de sua vida unicamente amor aos seus e a todos os que o seguiriam. Porque sendo Filho do Amor, é também Amor.

          Nosso Senhor sabia-se Filho de Deus, na força do Espírito Santo. “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo o meu agrado” (Mt 17, 5). No episódio da Transfiguração, o Pai, simbolizado na nuvem, olha para o Filho e o apresenta aos três apóstolos que o acompanharam até a montanha: Pedro, João e Tiago. A eles mostrou toda a sua Glória e esplendor, sua identidade, sua filiação, mas do mesmo modo como veio ao mundo, tão pobre e pequeno, assim se submeteu a viver e a morrer.

          A última palavra citada por Jesus, no evangelho de Marcos (15,34) é uma retirada do Salmo 22: “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?” (Sl 22,2). Se toda a sua vida foi um voltar-se para fora, para amar os outros, conforme o que vemos na Escritura, com os dois que foram crucificados com Ele, então, sim, a vida tem outro sentido.

          Aprendamos a levantar o nosso olhar ao Crucificado. O Deus crucificado não é um Deus majestoso, mas é um Deus muito humilde, muito pobre. Com a cruz, Deus se revela infinitamente amor e amado. O Pai não quer o sofrimento e o sangue, mas não se detém nem sequer diante da tragédia da cruz e aceita a entrega do seu Filho, muito querido, por amor a cada um de nós: Ele, que viveu amando, morreu amando. Só deste modo podia ter concluído a sua vida. A bondade de Jesus até o final, sua proximidade com os que sofrem e sua capacidade de perdoar, mostram-nos quem realmente ele é: o Filho de Deus. Este Deus crucificado é nossa esperança. 

          Como seus seguidores, o que nos educa é olharmos para Ele e Dele aprender a amar. Amando, somos livres do pecado. E, se alguma vez, o pecado tocar a nossa vida, procuremos o padre para uma Reconciliação. Olhemos para Nosso Senhor com amor, sem preconceitos e temores. Está vivo e ressuscitado, está conosco sempre, também hoje. Sem sua ressurreição, certamente não teríamos mais notícia Dele. Morreu, mas ressuscitou. É pascoa e é na sua vida, até o fim, que somos chamados a viver. 

 

Dom Adelar Baruffi

Arcebispo de Cascavel

Fonte: www.arquicascavel.org.br