Feliz é aquele que se confessou

Dom Adelar
22/03/2022 12:03
6 minutos de leitura
Feliz é aquele que se confessou

Feliz é aquele que se confessou!

A escuta da Palavra de Deus é grande fundamento para qualquer ação cristã católica. Tudo parte Dela e se volta para Ela. A Palavra, por isso, com maior frequência nos leva a rezar, a ouvir os mais pobres, a olhar para eles com carinho, a dar nossa vida por eles, a responder a Deus por um modo tranquilo, a encontrar a todos como irmãos e irmãs. Além disso, a Palavra assim nos fala: “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados...” (Jo 20,22).

Aquele que passa muito tempo sem se confessar, leva uma vida com menos solicitude. Aquele, porém, que se confessa seguidamente, é muito feliz! Ficamos bem contentes ao saber que são muitas as pessoas que buscam o padre para se confessar e que estes, os padres, encontram o tempo para o atendimento das confissões. 

Recordemos, sobretudo, que este Tempo da Quaresma é um momento muito especial para as confissões. Ele nos lembra o Batismo e a Penitência. “A dupla índole do tempo quaresmal, que, principalmente pela lembrança ou preparação do batismo e pela penitência, fazendo os fiéis ouvirem com mais frequência a Palavra de Deus e entregarem-se à oração, os dispõe à celebração do mistério pascal” (SC 109). O Cristo Morto-Ressuscitado é a imagem deste tempo de todos nós. Nos faz olhar para o Batismo com entusiasmo e nos aproximar, com muita alegria, do sacramento da Penitência. 

“Mas me confesso diretamente com Deus. Isso não basta?” Na fidelidade à Tradição da Igreja, nosso Papa responde: “Não basta pedir perdão ao Senhor na própria mente e no próprio coração, mas é necessário confessar humildemente e com confiança os próprios pecados ao ministro da Igreja” (Audiência Geral, 19 de fevereiro de 2014). Precisamos ter a coragem de confessar nossos pecados e ter a confiança do filho mais novo de ter vida nova (Lc 15, 11-32). É necessário que confiemos na bondade e misericórdia de Deus Pai e contar a Ele nossos pecados. O padre que ali se encontra, representa toda a comunidade de fé, que sabe ouvir e, também, perdoar em nome de Deus Trindade. 

“A penitência impele o pecador a suportar tudo de boa vontade. Em seu coração está o arrependimento; em sua boca, a acusação; em suas obras, plena humildade e proveitosa satisfação” (Catecismo de Trento, 2,5,21). Se você não está arrependido ou nem sabe o que são os pecados, minha sugestão é que faça um momento de silêncio interior, com a invocação do Espírito Santo e examine a sua consciência. Com certeza Ele te mostrará os teus pecados. O segundo momento será a confissão dos pecados. É preciso falar claro e dizer tudo o que pensa sobre os irmãos, a Igreja e Deus Trindade. Nos ajuda muito, se levarmos em conta os dez mandamentos e os sete sacramentos da Igreja. O terceiro elemento é a satisfação. Aquele que se confessa é fonte de muita confiança. Se você foi maltratado por alguém neste mundo, procura se reconciliar logo com ele. Esta é a fonte de todo o pecado, pois “a absolvição tira o pecado, mas não remedia todas as desordens que ele causou” (DS 1712). Então, antes de irmos nos confessar, cultivemos o arrependimento, o desejo de falar da vida e a plena humildade para uma vida nova.

Dia 13 de março de 2015, quando nosso Papa Francisco instituiu o Ano da Misericórdia, com o lema “misericordiosos como o Pai” (Lc 6,36), nos pediu para experimentarmos o perdão divino e com um estilo de vida mais misericordioso. “Nenhum psicólogo, nem nenhum conselheiro, pode dizer ‘os teus pecados estão perdoados’” (W. Kasper, 2015, p.204), vai em paz. 

 

 

Dom Adelar Baruffi

Arcebispo de Cascavel

 

Fonte: www.arquicascavel.org.br
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