"Ensina com amor" - Carta de Dom Adelar Baruffi

21/02/2022 19:02
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“Ensina com amor” (Pr 31,26)

            Ainda estou em Curitiba fazendo a minha radioterapia. Graças aos atuais meios de comunicação pude acompanhar e me contagiar com a alegria do lançamento da Campanha da Fraternidade em nossa Arquidiocese, no dia 18 de fevereiro. É notório que tudo foi bem preparado antes: as imagens de Nossa Senhora da Educação, a Celebração com todos aqueles ritos de entrada, o presentear as instituições educativas com o Manual da Campanha da Fraternidade, o convite aos padres, religiosos e a todo o povo leigo. Também a constituição da equipe da Pastoral da Educação, que logo será oficialmente por mim nomeada é razão de grande alegria. Certamente, esta equipe terá muito trabalho a fazer. Destaco ainda a beleza de termos todas as escolas, do fundamental até o superior, presentes na missa, ao menos aquelas de Cascavel. E, claro, a magnífica palestra do senhor Pe. Vilmar Serigetti, que soube nos motivar ainda melhor. 

            Quaresma é um tempo especial da Igreja para todos viverem a conversão. Esta produz elementos importantes na vida espiritual, na fé, na esperança e na caridade, e na também na vida social. O evangelho possui uma irrenunciável presença social. Quaresma é também um tempo de sair do individualismo para viver, desde o início, a vida espiritual dos cristãos batizados e reconciliados no amor de Cristo, o Ressuscitado.

O texto-base deste ano se inicia com uma grande proclamação da fé na misericórdia divina manifestada em Jesus Cristo, no seu encontro com a mulher adultera (cf. Jo 8,1-11). No n. 15 do texto-base temos: “Depois, Jesus torna a curvar-se e escreve pela segunda vez. Reerguendo-se, Jesus pergunta à mulher: ‘Onde estão eles? Ninguém te condenou?’ (Jo 8,10). Ela responde: ‘Ninguém, Senhor’. Ali permanecem os dois: Jesus e a mulher, a pecadora e o salvador, a miséria e a misericórdia em uma bela relação educativa. Então ressoa a sentença de Jesus: ‘Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante, não peques mais’ (Jo 8,11)”. (CNBB, Fala com sabedoria, ensina com amor, Brasília, Edições CNBB, 2021).

O que é importante num ato de amor, é um coração tranquilo e amoroso, pronto para perdoar sempre, sempre disposto a fazer o bem. “Jesus educador, entra naquela realidade conflitiva. Enxerga criteriosamente o problema, escuta e sente o pavor daquela mulher e os argumentos dos seus justiceiros. Jesus não polemiza, não acirra ânimos, não pensa o problema de modo isolado. Antes, procura escutar em silêncio o que dizem” (CNBB, Fala com sabedoria, ensina com amor, Brasília, Edições CNBB, 2021, p.16). 

             “Educar é um ato eminentemente humano” (Presidência da CNBB, p.7). Campanha da Fraternidade deste ano fala do que somos e como agimos, do que cremos e como somos chamados a viver nossa vida de cristãos, de batizados. O tema deste ano é: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). O lema é Fraternidade e Educação. O objetivo geral é “promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário” (CNBB, Fala com sabedoria, ensina com amor, Brasília, Edições CNBB, 2021, p.19). 

            Exorto a que leiamos o texto-base deste ano. Ele têm cinco pontos básicos. O primeiro é o “discípulos da Palavra”, quando é apresentado Jesus, o educador, como modelo para o seguirmos até a Páscoa. O segundo é o “escutar”. É uma realidade bem geral. Temos muito a crescer ainda e redescobrir, que a educação não é algo para viver na parcialidade, mas na globalidade. O terceiro ponto é o “discernir”, como um momento de nos confrontarmos com a realidade de nossa fé, de nosso fundamento: Jesus Cristo, mestre e educador. O quarto ponto é o “agir”, que avalia o processo como uma solução para a realidade em que vivemos. Então, qual é o agir para nós hoje? E o quinto ponto, “fala com sabedoria, ensina com amor”, que apresenta, um pequeno capítulo, sobre a realidade da vida que fala com sabedoria de São José, do Papa Francisco. Enfim, tenhamos a alegria de ler e fazer tudo o que nos é ensinado neste Tempo da Quaresma. Não esqueçamos: o mais importante é uma vida de oração, Palavra, confissão e sacramento da Eucaristia. 

 

Dom Adelar Baruffi

Arcebispo de Cascavel

Fonte: www.arquicascavel.org.br
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