SER MARIA NUM MUNDO DE JOSÉS

08/03/2021 09:03
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SER MARIA NUM MUNDO DE JOSÉS

SER MARIA NUM MUNDO DE JOSÉS

 

Ouço falar na luta pelos direitos da mulher há mais de 40 anos. No entanto, apesar de muita coisa ter evoluído, ainda não é o suficiente.

 

Mesmo com o avanço social, a cultura machista se faz sentir na desigualdade salarial, na subrepresentação política, na violência doméstica (o Brasil é um dos campeões em feminicídios), na luta pelo acesso no mercado de trabalho “exclusivo” para homens...

 

É necessário pôr em prática novos valores humanos. Não culpar a vítima e não fechar os olhos para os abusos, como calar-se enquanto um político assedia uma mulher em plena sessão parlamentar.

 

Homens devem dividir, igualmente, as atividades com as mulheres e vice e versa. As comunidades necessitam fomentar a participação feminina e prestigiá-la, sem que o caminho para igualdade fique tortuoso.

 

A superação das desigualdades depende de mudanças culturais além das estruturais, como a reforma política.

Atualmente, temos menos de 10 por cento de representação de mulheres no Congresso Brasileiro. Tal taxa posiciona nosso país na 115 posição em um ranking de 138 nações.

 

O problema se agrava mais se a mulher for negra. O estereótipo da Casa Grande e Senzala ainda reina entre a sociedade em todos os níveis. Dificilmente, enaltecem o valor da mulher por ser mulher.

 

Desde pequeno é dado muito poder ao menino e se proíbe muito as meninas. Como Capitanias Hereditárias passam de geração à geração os mesmos modos, costumes e atitudes.

 

A escola é um dos ambientes mais propícios para estimular, desde cedo, relações saudáveis entre os sexos masculino e feminino. Todavia, é comum ouvir que tal atividade não deve ser direcionada às meninas por sua fragilidade. Brincar de “casinha” deveria ser atividade democrática, já que os meninos serão pais.

 

Não se deve incorporar a educação dos filhos atitudes machistas, como a objetificação da mulher e a negativa participação dos meninos nas tarefas de casa. A mulher merece viver da maneira mais equânime possível, em relação aos homens. Deve ter autonomia para desenvolver seus talentos de forma independente.

 

Maria é o símbolo da mulher ativa. Ela criou o Cristo. Foi a geratriz do amor, da serenidade, da paciência. Seu Filho sabia da importância feminina naquela época, e, por isso, o primeiro milagre se deu para atender um desejo da Mãe, nas bodas de Caná e depois se revelou para uma mulher samaritana.

 

Não foram essas as únicas manifestações de apreço de Jesus pelas mulheres. Ele andou junto delas quando ninguém fazia, as respeitava, não julgava o passado delas nem seus comportamentos.

 

Advertiu Marta para que largasse os afazeres e se juntasse e Ele, a fim de compartilhar a vida!

Ele realmente amou.

 

Por enquanto sonhemos com a letra da Música de Milton Nascimento:

 

Maria, Maria é um dom, uma certa magia

Uma força que nos alerta

Uma mulher que merece viver e amar

Como outra qualquer do planeta

...

Mas é preciso ter manhã, é preciso ter graça

É preciso ter sonho sempre

Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria

Mistura a dor e a alegria...

 

Que neste dia das mulheres, ao menos se reconheçam as dificuldades inerentes à condição de ser de ser mulher. Que tenhamos consciência que a submissão da mulher ao homem   não passa de uma interpretação errônea do anseio divino.

Todos devemos seguir somente a Deus.

 

Que a mulher não seja vista como instrumento de felicidade alheia. Ela também é um fim em si mesma.

 

Apesar dos pesares, chegamos até aqui, contornamos abusos, contornamos dores.

A partir de hoje, que tenhamos a ciência, pois merecemos ser felizes, exatamente como os homens.

 

Feliz dia, irmãs!


Maria da Graça Pellegrinello
Paróquia Nossa Senhora do Perpetuo Socorro - Cascavel
Coordenadora Nacional NBO - 9
Oficinas de Oração e Vida
Evangelizando Crianças

TOV - Adolescentes
TOV - Jovem


Fonte: Arquidiocese
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