Artista Sacro do Paraná é escolhido para Capa do Livro da Novena de Natal 2020

Capa do Livrinho da Novena d e Natal 2020
21/08/2020 06:08
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Artista Sacro do Paraná é escolhido para Capa do Livro da Novena de Natal 2020


O Artista Sacro Antonio Batista de Souza Junior, atualmente morador da cidade de Maringá, foi escolhido por meio de uma das suas obras para compor a Capa do Livro da Novena de Natal das Edições da CNBB.

A escolha deste desenho tem tudo a ver com a temática do Natal, pois trata-se de uma reprodução (ícone) do nascimento de Jesus Cristo em Belém. 

A Paróquia que o artista Antônio Junior aplicou este desenho iconográfico é a Igreja São José, Diocese de São Miguel Paulista SP.

O Artista já realizou várias obras Sacras de Iconografia nas Igrejas da Arquidiocese de Cascavel (Capela da Catedral Nossa Senhora Aparecida, Seminário São José, Paróquia Imaculado Coração de Maria) entre outras como também muitas obras nas dioceses vizinhas da nossa região.

Segue Fotos e uma breve explicação do tema e dos desenhos como um todo.

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         O projeto iconográfico, sob encomenda do Rev. Padre Ricardo, para o Presbitério da  Igreja São José, Diocese de São Miguel Paulista SP, é Cristocêntrico. Jesus ocupa o eixo central de toda pintura. Toda estrutura de fundo ao Cristo remonta a tons de cores em terra siena natural e tem a incumbência de indicar aos que contemplam a sua pequenez diante de Deus e lembrar-nos das soadas palavras do Livro do Gêneses: “Lembra-te que és pó e que ao pó hás de voltar”. (Gêneses 3,19).

           Este painel iconográfico toma como norma principal a revelação pictórica sacral epifânica “realizada em Jesus, Verbo encarnado, mediador pleno da Revelação. Sendo o Filho Unigênito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está, finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao longo dos séculos”. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, p. 23, 2005, Loyola.

            Neste painel o Cristo é mostrado: sentado sobre o colo do seu pai terreno, São José, padroeiro desta paróquia. Ambos estão centralizados; frente a um Portal Pontiagudo e dentro de um grandioso Círculo em tons de cores esverdeadas. Este círculo traz consigo a promoção do encontro do nosso Eu com o centro do círculo. Este encontro mostra nossa espiritual peregrinação em curso para centralidade que é o próprio Deus criador de todas as coisas na pessoa de Cristo, imagem do Pai. “Quem me vê, vê também aquele que me enviou” João 12, 45.  Os tons em cores esverdeadas representam o alvorecer da vida e o início do plano carnal da Salvação.
 
          Dentro do círculo, o Menino Jesus é apresentado com vestimenta dourada, branca e vermelha. Na iconografia, as cores têm um papel fundamental. Sua função não é apenas estética, mas de levar um simbolismo atrelado à imagem que se está representando. Assim sendo, o iconógrafo tem uma liberdade muito limitada para escolher as cores, e sendo sempre fiel as propostas simbólicas estabelecidas pela tradição litúrgica.

         A cor dourada do manto apresenta Jesus como verdadeiro Messias, o Cristo Rei. Na iconografia, quem dela veste reluz como o dourado do sol, a luz de Deus. Qualquer figura exposta em tais cores representa a plena luz divina. Esta cor simboliza a união da alma a Deus, a luz revelada aos profanos. O dourado é a luz refletida, é a própria luz, pura e genuína.

         A cor branca da túnica; simboliza a harmonia e a paz. O Branco é a cor do divino, e planeia sua luz, dissipadora do preto, símbolo da decepção e tristeza. A Cor branca também concebe o revestimento dos eleitos, justos e dos santos prescritos no livro do Apocalipse. Ap 19, 7-8. A cor branca do Cristo; ilumina e transforma. Representa o amor divino, estimula a humildade e a sensação de limpeza e claridade.

         O Menino Jesus também é apresentado com uma faixa vermelha na cintura, ou seja: está com os rins cingidos. O cingir dos rins ou lombos, segundo a tradição bíblica, é a preparação e pré-disposição para fazer algo importante. No Antigo Testamento é o passo preparatório, ou prévio, a uma tomada de ação relacionada a uma ordem específica de Deus. Neste ícone significa a disposição do Menino para executar o plano de salvação da humanidade.

 Sobre a túnica, desse do ombro esquerdo de Jesus uma “Estola diaconal” lembrando; o “Menino que veio para Servir”. A “estola traz a cor Vermelha, e tem também todo arquétipo simbólico sacrifical e martírico de Cristo. Esta cor acena o fio de esperança que permeou toda marcha do povo de Deus, tendo o seu auge no Calvário de Cristo que derrama seu sangue em favor de nossa redenção. Sobre a estola está a inscrição IC XC; que corresponde ao anagrama grego do nome de Cristo.       

Sobre a cabeça do menino sobressai uma “aureola” dividida por três raios formando as hastes da Santa Cruz. Ainda na auréola cinco pontos vermelhos são alí distribuídos, estes denotam os estigmas infligidos no Cristo no dia da Salvação.

     Na mão esquerda do Menino é trazido um Pergaminho[1] aberto. Cristo, ao encarnar-se, veio trazer-nos a Boa Notícia, o cumprimento da lei e dos profetas. Ele, o Cristo; que é o proprio Caminho a verdade e a vida. Sobre o pergaminho destaca-se: o “Alfa” e Ômega”, que corresponde a primeira e a última letra do alfabeto grego. Numa tradução literal corresponde a letra “A” e “O”. Numa tradução adaptada, a Letra “A” e “Z” em alfabeto de língua portuguesa. Estas letras são tradicionalmente usadas na Igreja e traduz a expressão bíblica de Apocalipse 22,13 “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim’.

           Em sinal de benção está à mão do Cristo. Esse gesto, visível por meio da posição dos dedos, além de seu significado, pretende chamar a atenção par um duplo mistério. Os três dedos abertos (o polegar, o indicador e o mínimo) pretendem recordar a Trindade, que Cristo é uma das Pessoas divinas. A junção dos dedos: “Indicador e Médio” traz também o sinal dogmático das duas naturezas de Jesus; a humana e Divina. Jesus 100% Deus e 100% homem. “um só e mesmo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito em sua divindade e perfeito e sua humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem, composto de alma racional e de corpo, consubstancial ao Pai segundo a divindade, consubstancial a nós segundo a humanidade, ‘semelhante a nós em tudo, com exceção do pecado’ (Hb 4, 15); gerado pelo Pai antes de todos os séculos segundo a divindade e, nestes últimos dias, para nós e para nossa salvação, nascido da virgem Maria, mãe de Deus, segundo a humanidade”. (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, p. 45, 2005, Loyola). 
 
Em destaque, também, encontra-se São José. Ele, é um Santo célebre do Novo Testamento, marido da Mãe de Jesus Cristo. Na fé cristã, nasceu em Belém da Judéia, era pertencente à tribo de Judá e descendente de Davi, de Israel. Na fé, São José é designado por Deus para se casar com a Jovem Maria, Mãe de Jesus e passou a morar com ela e sua família em Nazaré, Galiléia. O evangelho registra que São José era carpinteiro de profissão, ofício que teria ensinado a seu filho. São José é importante para a fé, pela sua grandiosa missão e responsabilidade de pai terreno do Salvador , Nosso Senhor Jesus Cristo.
          Nesta Iconografia, São José é apresentado em total simplicidade. Em sua mão esquerda é trazido um ramo de Lírios campestres. O Lírio é o símbolo da brancura e, por conseguinte, de pureza, inocência e castidade, ora, pela tradição conciliar, São José é apresentado como modelo de vida pura e casta.. O lírio simboliza também o abandono à vontade de Deus, isto é, à Providência, que cuida das necessidades de seus eleitos Mateus 6, 28-29.
 “E por que vocês ficam preocupados com roupa? Olhem como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu porém, lhes digo: nme o rei Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um deles.” 
À maneira de São José, escreve São João Crisóstomo: “Guardam um coração sadio, os que possuem uma consciência completamente limpa ou os que amam a castidade. Nenhuma virtude é tão necessária como esta para ver a Deus”.
São José faz-se trono para o Cristo e o apresenta ao povo. São José veste túnica Cinza e manto Verde. A Cor cinza da túnica reflete a densidade da matéria; falta dinamismo e irradiação de outras cores. Assim encontramos n o cinza; tudo que é terreno. Por ser assim, na iconografia é: a cor símbolo da humildade, da renúncia às alegrias da vida terrena e da pobreza. O Verde do Manto de São José faz referência ao menino em seu colo, o menino é o Senhor da vida, a luz que faz a vida florescer. A cor verde é resultado da combinação do azul e do amarelo. O verde é a cor da natureza, a cor da vida sobre a terra, do renascimento para a chegada da primavera. A iconografia lhe dá um significado de renovação espiritual, ou seja: “a renovação de todas as coisas” (Apocalipse 21,5), e também em referência à plenitude do próprio mistério pascal, que passa pela cruz e comina com a ressurreição.
          Ao lado da Sédia, onde assenta-se São José, está uma pequena Gaiola com um casal de rolas. Segundo a tradição, depois de Jesus ter nascido em Belém e de ter sido circuncidado oito dias após, Maria e José tiveram de cumprir uma dupla lei. Esta norma da Apresentação era para lembrar aos Hebreus o prodígio acontecido em favor de seus pais, quando o Anjo exterminador feriu de morte, em uma noite, todos os primogênitos dos egípcios sem ferir os dos judeus. Foi a última das dez pragas que Deus enviou, devido à dureza do coração do Faraó, ao permanecer na decisão de não permitir a saída do povo judeu. Deus manda ao mesmo tempo, exigindo por meio de Moisés, que a partir daquela data todos os primogênitos deveriam ser entregues a Ele e depois resgatados por algum preço. Enquanto que a purificação deveria ser feita pagando-se um tributo, que seria um cordeiro, ou se a família fosse pobre, duas rolas. Por isso que Maria e José sendo pobres, ofereceu ao Templo duas rolas. Uma era para cumprir a lei da purificação e a outra para uma oferta de holocausto.
           Ladeando São José e o Menino, na parte superior do painel, estão: dois pendentes. Um do lado esquerdo e um lado direito. Estes, trazem resinas e ervas aromáticas sobre carvões acesos purificando o ar do espaço sagrado onde acontece as celebrações eucarísticas. O incensar promovido por estes, destina-se unicamente a Deus e nesta iconografia simboliza a nossa adoração e oração, fazendo jus as palavras proferidas pela Salmista: “Suba a minha oração como incenso à tua presença, minhas mãos erguidas como oferta vespertina!” Salmo 141-2.
         
Nas laterais do Painel estão duas portas, de caráter às outras dimensões. Nelas duas cenas marcantes da Boa Nova de Cristo e da participação de São José no Plano Salvífico de Deus para humanidade.
A primeira, é a cena da Natividade, o Natal do Senhor, a Sagrada Família no estábulo, lugar onde Maria deu a luz a Jesus. Lucas 2, 1-7.
A segunda, é a partida para o Egito em favor da proteção do Menino. Mateus 2,13-15.
          Todo este Painel fora construído sobre um jardim, e no centro dele; a Árvore da vida. Esta Árvore é um dos símbolos bíblico mais representado e mais lavrado da literatura iconográfica cristã. Sua primeira relação é com a própria cruz de Cristo que nos devolve o Paraíso, sendo ela, a cruz, a verdadeira Árvore da Vida.
No Gêneses, esta Árvore é plantada no centro do jardim rodeada por afluentes.
       “Javé Deus fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas de comer. Além disso, colocou a árvore da vida no meio do jardim, e também a árvore do conhecimento do bem e do mal. Um rio saía do Éden para regar o jardim, e de lá se dividia em quatro braços. Gn 2, 9-10”.
“Ela é árvore de vida para os que a adquirem e são felizes aqueles que a conservam. Prov. 3,18.
 
A figura da árvore, carrega e exprime um profundo sentido espiritual que unifica o mundo subterrâneo, através de suas raízes, ao mundo terreno com seu tronco, e suas folhagens ao mundo espiritual por meio da copa.
          No Novo Testamento a árvore é figuração simbólica, em especial nos evangelhos. É a representatividade da Igreja Corpo Místico de Cristo.
 “Eu sou a verdadeira videira, e meu Pai é o Agricultor” João 15, 1-17. Figuração compreendida e comportada nas afirmações de São Paulo: “De fato, o corpo é um só, mas tem muitos membros; e no entanto, apesar de serem muitos, todos os membros do corpo formam um só corpo. Assim acontece também com Cristo. I Coríntios 12, 12”.
 
A Árvore da vida, indo mais além; traz todo este caráter e particularidade a cada homem, a cada fiel na participação desta Igreja que Ele; Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, é a cabeça.
          Por fim, que esta iconografia semeie no coração dos que contemplam a obra todo Mistério contido na mesma. Que o Cristo Jesus, sempre presente em sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas, presente no sacrifício da missa, na pessoa do ministro, nas espécies eucarísticas, nas palavras que ouvimos e salmodiamos e em tudo que visualizamos através desta ARTE, traga-nos a graça neste “Lugar de Encontro” e sintamos mais próximos de Jesus, fonte inesgotável de vida e iluminados por Ele que é luz do Mundo.
           Por ser expressão da verdade, firmo presente pintura.

[1] (do grego pergaméne e do latim pergamina ou pergamena), é o nome dado a uma pele de animal, geralmente de cabra, carneiro, cordeiro ou ovelha, preparada para nela se escrever.


Antonio Batista de Souza Junior – Artista Sacro

Fonte: www.arquicascavel.org.br
Tags: Arte Sacro