Homenagem dos padres da Arquidiocese ao Arcebispo Dom Mauro pelos 22 anos de Ordenação Episcopal

14/08/2020 07:08
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Homenagem dos padres da Arquidiocese ao Arcebispo Dom Mauro pelos 22 anos de Ordenação Episcopal

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1.Histórico Familiar

 

 O terceiro Arcebispo da arquidiocese de Cascavel, Dom Mauro Aparecido dos Santos vem de origem humilde. Nascido no dia 9 de novembro de 1954, na cidade de Fartura, no sudoeste do estado de São Paulo, onde juntamente com sua família residiu até dia de 28 de fevereiro 1958, quando se estabeleceram em Jacarezinho, no chamado Norte Pioneiro do Paraná. 

 

 

 

            Mauro é o sétimo filho do casal, formado pelo comerciário, Acácio Aparecido dos Santos e pela dona de casa Madalena Aparecida de Moraes, falecidos respectivamente em 1984 e 2005; Seus irmãos, que eram 3 homens e 4 mulheres, dos quais Antônio, Moacir, Leonor e Alice são falecidos, e os demais ainda residindo em Jacarezinho são Luzia, Maria Jose e a caçula da família Ivone. Atualmente Dom Mauro possui muitos sobrinho e sobrinhos-netos, sendo, portanto uma família numerosa.

 

 

            O jovem Mauro realizou serviço militar, no ano de 1973, continuando sua formação acadêmica que foi realizada toda na cidade de Jacarezinho, que naquele tempo despontava como local precursor da educação do estado paranaense. Todo esse estudo, foi realizado na rede pública da cidade, as series iniciais até o chamado Ginásio, como era designado naquele momento. No de 1974 iniciou o curso de ciência biológicas, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Jacarezinho e atual Universidade Estadual do Norte do Paraná (UNEP), concluindo em 1977, posteriormente, ingressou no curso recém-instalado na cidade de Educação Física, realizando três anos do curso, mas que não chegou a concluir, em vista de entrar na formação do seminário da diocese de Jacarezinho, no ano de 1981. Durante este período de estudante acadêmico, trabalhou no Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural, o chamado FUNRURAL, entre os anos de 1972 a 1975, e posteriormente como servidor público federal da Previdência Social, entre os anos de 1975 a 1981.

 

 

2. O Despertar da Vocação do Jovem Mauro Aparecido dos Santos.

 

            Segundo relato de Dom Mauro, sempre teve o desejo pela vida sacerdotal, pois esteve sempre envolvido com as atividades da Paróquia Catedral Imaculada Conceição e São Pedro Apóstolo, de Jacarezinho, onde participou ainda criança da Cruzada Eucarística, e da Pastoral da Juventude, mas durante esse período nunca foi lhe feito um convite para ingressar no seminário. Devido a um encontro com o então Bispo da Diocese de Jacarezinho, Dom Conrado Walter, em uma livraria da cidade, o bispo fez o convite ao jovem Mauro, então com 25 anos, levando-o a decidir a ingressar no seminário no ano seguinte, após acompanhamento vocacional, deixando a carreira no serviço público.·.

            Ingressando na formação sacerdotal no dia 02 de fevereiro de 1981, para iniciar os estudos de teologia, no seminário Maior de Teologia Divino Mestre, tendo como motivação de sua vocação, a seguinte citação bíblica do Evangelho de Lucas 9, 62 “Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o reino de Deus”. Levando-o a firma-se no discernimento e decisão pela vida sacerdotal. O seminarista Mauro, saindo fora dos padrões foi ordenado Diácono em 21 de agosto de 1983, e padre em 13 de maio de 1984, antes mesmo de encerrar o curso de teologia. A motivação de ordenação ate então fora dos padrões de tempo, foi esclarecida por Dom Conrado à Dom Mauro somente após sua ordenação Episcopal. Dom Conrado contou que, o pai do então seminarista Mauro, esteve na Cúria diocesana e relatou ao bispo que passava por estado de saúde grave, e tinha o sonho de ver seu filho padre; deste modo Dom Conrado, imbuído de zelo pastoral e amor, decidiu por ordenar padre o seminarista, que era fruto de seu convite vocacional.

 

 

            3. O trabalho do Padre Mauro Aparecido dos Santos.

 

Ainda como estudante de Teologia, mas já ordenado diácono e posteriormente o então padre Mauro, exerceu diversas funções na diocese de Jacarezinho. Começando como Vigário Paroquial na Paróquia São João Batista em Arapoti, por 8 meses. Vigário Paroquial na Paroquia São Pedro Apóstolo, em Jacarezinho, entre 23 de janeiro de 1985 a 07 de março de 1986, também exercendo concomitantemente a função de Vice-Reitor do Seminário de Filosofia e Teologia da diocese. 

No dia 08 de março de 1986, tornou-se o primeiro Pároco, da então recém-criada, Paroquia Sagrado Coração de Jesus, em Jacarezinho, onde organizou a construção do Centro Catequético, de importância fundamental para a paróquia que começava a dar seus primeiros passos de forma independente, além de outras obras. A passagem por esta paróquia foi tal maneira marcante que ficou conhecida como a “paróquia do padre Mauro” tamanha a empatia do povo com o sacerdote, que se mostrava dedicado à vida pastoral. Ficando nessa paróquia até 10 de janeiro de 1992, quando foi transferido para a cidade de Bandeirantes. Até o momento desta transferência estava também participando da formação dos novos padres da Diocese, sendo professor e reitor entre 02 de fevereiro de 1988 ate 10 de janeiro de 1992.

 

 

 

Ao chegar a Bandeirantes, na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, encontrou uma paróquia com realidade de difícil adaptação, pois após 46 anos de trabalho os Freis Capuchinhos, deixaram a Paróquia, e padre Mauro chegava como novo pároco, e essa situação levava um desconforto com a população que desejava a permanência dos freis. Com o trabalho que se estendeu até o dia 31 de julho de 1997, mostrou grande disposição e ardor missionário atendendo as mais de 40 capelas, juntamente com seus dois vigários, os padres Romildo e Antônio de Pádua Silva Alencar. Nesse período foi alcançado o objetivo da reforma da Igreja Matriz da cidade, reforma de muitas capelas da área rural e construção de outras capelas, dentre elas a capela São Geraldo Magela, que viria se torna Paróquia posteriormente no ano de 2008. Atualmente a cidade Bandeirante possui quatro paróquias e um Santuário. Padre Mauro também esteve a frente da construção nesta cidade das capelas São Sebastião e São José. 

Durante o período que esteve em Bandeirantes, acumulou outras responsabilidade dentro da diocese, algumas já iniciadas antes e que se encerraram ou que tiveram início neste período, como assessor espiritual da comunidade de assistência aos dependentes de drogas e álcool, desde o início de seu ministério até seu desligamento com a diocese que viria a acontecer em 1998; foi também assessor espiritual diocesano do Movimento de Cursilho de Cristandade, entre os anos de 1988 a 1992; membro do colégio de consultores da diocese de Jacarezinho entre os anos de 1992 a 1998; Chanceler da Cúria de 18 de novembro de 1991 até 02 de fevereiro de 1995; Vigário Geral de 03 de fevereiro de 1995 até 31 de julho de 1998;

 

 

No dia 02 de fevereiro de 1997, foi nomeado Pároco da Catedral da diocese, algo que sonhava quando criança, mas não esperava acontecer, pois a paroquias catedral era conduzida pelos Padres Palotinos e posteriormente passou aos cuidados dos padres diocesanos, sendo Padre Mauro terceiro pároco. Estando nesse novo desafio pastoral, trabalhou para resgatar a autoestima dos paroquianos e o sentimento de pertença a catedral, assim como a devoção mariana presente naquele povo. Sendo um período de reformas na catedral onde foi trocado o forro da catedral. Era um momento de grande alegria para o padre Mauro, que era pároco do lugar onde cresceu, tendo muito próximo seus familiares que se tornaram seus paroquianos.

 

 

 

         4. A Nomeação Como Bispo Coadjutor de Campo Mourão.

 

            No dia 12 de maio de 1998, foi chamado por Dom Conrado Walter a cúria que o comunicou que havia sido nomeado Bispo Coadjutor da Diocese de Campo Mourão. Inicialmente pensou em não aceitar, pois estava em plena atividade revitalização pastoral e também estrutural da catedral. Segundo Dom Mauro nesse dia, em meio à emoção Dom Conrado dizia “Não vá dizer não para o Papa”, naquele momento João Paulo II, motivou a aceitar o convite. Outro fato que motivou foi lembrar-se do então arcebispo de Cascavel, Dom Lucio Baumgartner que no ano anterior, juntamente com Dom Getúlio, bispo de Cornélio Procópio, Dom Domingos Gabriel Wisniewski, CM, bispo de Apucarana que em um almoço na Casa de Dom Conrado, disse “o padre que não aceita quando é convidado e não aceita ser bispo, ou está fraco na fé ou tem algum problema pessoal”, ao recordar essas palavras daquele que viria a ser seu predecessor na Arquidiocese de Cascavel, aceitou o convite para assumir essa nova missão. 

 

 

A nomeação como Bispo Coadjutor de Campo Mourão se dirigia ao então Pe. Mauro, nestes termos:

 

João Paulo Bispo Servo dos Servos de Deus

 

Ao dileto filho, Mauro Aparecido dos Santos, Até a presente data Vigário Geral da Diocese de Jacarezinho, eleito Bispo de Coadjutor de Campo Mourão, 

 

Saudação e Benção Apostólica.

 

As necessidades e a salvação de todas as Igrejas estão sempre presentes diante de nossos olhos e com máxima diligência queremos estar prontos em nossos deveres de Pastor para que larguíssima se espalhe a semente do Evangelho.

Portanto, em vista disso, apressamo-nos em atender ao pedido do Venerável Irmão, Virgílio de Pauli, Bispo de Campo Mourão, solicitando lhe fosse dado um Coadjutor para que ainda melhor e mais eficazmente ali se desenvolvam as atividades apostólicas. E a ti, filho dileto, nos dirigimos, a ti, dotado das convenientes qualidades, porque te julgamos capacitado para assumir esse encargo.

 

Acolhendo, portanto, o parecer da Congregação dos Bispos, com nossa autoridade apostólica, te constituo e nomeio Bispo Coadjutor de Campo Mourão, concedidos ao mesmo tempo, todos os direitos e deveres anexo que com essa finalidade e condição são regidos pelas normas do Direito Canônico.

 

Antes, porém da consagração episcopal que poderás receber em outra nação fora de Roma, é preciso que faças a Profissão de Fé e solenemente pronuncies o juramento de fidelidade a Nós e a nossos sucessores, de acordo com as fórmulas preestabelecidas e que, conforme os sagrados costumes, subscritas e munidas da chancela, cuidarás sejam enviadas à Congregação dos Bispos.

 

Além disso, de modo apropriado, tornarás cientes o clero e o povo fiel de tua eleição, clero e povo que exortamos a revigorar a obra da Religião.

 

Por fim, dileto filho, a execução desse sublime oficio e ao mesmo tempo o auxílio divino, zelosamente implorado, sem dúvida te sustentarão no desempenho desta nova missão.

Nela, e em comunhão dos espíritos que se desenvolva o ministério apostólico e tu sejas a essa Diocese de grande auxílio.

 

Dada em Roma, junto de São Pedro, aos vinte e sete dias do mês de maio do ano do Senhor, milésimo nongentésimo nonagésimo oitavo, vigésimo do nosso Pontificado.

 

João Paulo II”

 

 

 

Ao aceitar o convite e ser publicado, no dia 27 de maio de 1998, o agora Monsenhor Mauro se desligou das funções que exercia, na diocese até aquele momento, deixando de ser Vigário Geral e professor do seminário de teologia, cargo que exercia desde que havia sido ordenado padre. A sua ordenação Episcopal, realizada Catedral de Jacarezinho no dia 14 de agosto de 1998. A celebração contou com a presença de muitos fiéis, padres das dioceses de Jacarezinho e de Campo Mourão, assim como os bispos do Paraná, tendo como bispos ordenantes, Dom Conrado Walter, o mesmo que ordenara padre, Dom Murilo Krieger, então Arcebispo de Maringá, e Dom Virgílio de Pauli, Bispo Titular de Campo Mourão.

            Ao chegar a Campo Mourão, como bispo coadjutor, trabalhou juntamente com Dom Virgílio de Pauli, que estava próximo da aposentadoria e com saúde debilitada. Com seu carisma e simpatia foi adaptando-se ao local e estreitando amizade com o clero. A convivência com Dom Virgílio era muito salutar, motivada por assuntos pastorais, mas também de descontração, em especial caso o futebol sendo Dom Mauro torcedor do time dos Santos e Dom Virgílio, um fiel torcedor do Palmeiras. Nessa situação foi se ambientando das condições pastorais e também financeiras da diocese. Permaneceu bispo coadjutor ate dia 20 de fevereiro de 1999, quando veio a falecer o Bispo Dom Virgílio de Pauli.

 

 

            5. O Bispado em Campo Mourão.

 

            Ao assumir definitivamente a cátedra em 21 de fevereiro de 1999, se deparou com problemas a serem resolvidos como a falta de unidade no clero diocesano, que naquele momento vivia em tensão formada por três grupos, abusos litúrgicos que ocorriam nas celebrações, desde o exacerbado improviso e ao não seguimento das normas litúrgicas; muitas paróquias estavam sem padre, pois os padres Jesuítas haviam deixado quatro paróquias por falta de sacerdotes, assim como os altos gastos com seminários e a desorganizada arrecadação realidades nas paróquias. A questão financeira até aquele momento era contornada por Dom Virgílio, com fundos vindos de sua família, em especial caso da sua Irmã Carmem de Pauli, por que eram provindo de família abastada.

            Com uma nova reestruturação e um acompanhamento pessoal, por parte do bispo, a arrecadação das paróquias passou a ter resultados positivos. Os gastos com colégios particulares foram eliminados, pois transferiu os seminaristas menores para rede pública, fortalecendo o apoio as vocações. Estabelecendo reformas na Cúria da diocese, no centro pastoral, no seminário São José e na residência episcopal, que posteriormente viria ser o seminário propedêutico, onde o bispo passou a conhecer diretamente os vocacionados. Também no período de seu episcopado a diocese celebrou o seu ano jubilar de 40 anos de fundação, ocorrendo posteriormente às missões populares para o jubileu do ano 2000, que ficou marcada na memória dos diocesanos, e resultou no despertar do viver cristão e também de vocações sacerdotais para a diocese.

            Nesse período a diocese passou por grandes percas como a morte de Dom Virgílio, Dom Elizeu Simões Mendes, em 2001, o primeiro bispo diocesano ocorrida em Feira de Santana, na Bahia, onde Dom Mauro esteve presente. O falecimento em um acidente automobilístico do padre Hélio da Costa, no ano de 2003 e morte do saudoso monsenhor Aleixo, que até então era pároco da paroquia Nossa senhora das Graças em Barboza Ferraz.

 

 

 

 

 

Dom Mauro foi quem erigiu a Paroquia Santa Cruz, no bairro de mesmo nome em Campo Mourão, sendo a única paróquia criada no seu bispado na diocese, criou e instalou o Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Campo Mourão e instalou o Santuário Santa Rita de Cassia em Barbosa Ferraz. Incentivou a construção de um monumento e jazido para os padres falecidos. E como grande apoiador das vocações promoveu a vinda das congregações da Copiosa Redenção e Fraternidade ‘O Caminho’, sendo responsáveis pelo acolhimento de dependentes químicos da cidade e região, e especial caso a fraternidade que passou residir e zelar, por um dos sonhos de Dom Mauro na diocese, a capela de adoração perpétua Santa Paula Elisabeteh Ceriole, na chamada vila Carolo em Campo Mourão, tornando-se um local de profunda espiritualidade para romeiros da diocese. Durante o período de 09 de maio de 2002 a 13 de dezembro de 2002, foi bispo administrador de “Sede Vacante”, na diocese Umuarama, pois o Bispo Coadjutor Dom Frederico Heimler, SDB, ser transferido e renuncia do Bispo Titular Dom José Maria Maimone, SAC.

 

 

            Em seu episcopado Dom Mauro é marcado pelo incentivo as vocações sacerdotais, e isso não foi diferente em Campo Mourão onde promoveu pessoalmente o convite à vida Sacerdotal, onde nas crismas dizia aos jovens a quem o Espirito tocava em seu coração a frase “eu te convido a ser padre, pense nisso!”, e celebre frase “vocação acertada, futuro feliz”, tendo como resultado um salto na procura de jovens pelo seminário. Ordenando nos 9 anos que esteve à frente da diocese, muitos padres e dois bispos, Dom Ottorino Assolari, primeiro bispo de Serrinha-BA, e Dom Francisco Javier Paredes, que viria a ser seu sucessor na diocese. Foi ordenante principal dos Bispo: Dom Edgar Xavier Ertl, Bispo de Palmas-Francisco Beltrão no Paraná, Dom Ettore Dotti – csf, Bispo de Naviraí no Mato Grosso do Sul, e Dom Mario Antônio da Silva, Bispo de Boa Vista em Roraima, este último foi seu aluno no período de formação na Diocese de Jacarezinho. Também no âmbito das vocações realizou a aquisição dos terrenos para a construção do novo Seminário Diocesano de Filosofia Nossa Senhora de Guadalupe,  na Cidade de Maringá-PR, onde os seminaristas passaram fazer um curso com reconhecimento cível na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e a revitalização de uma antiga propriedade da família Pauli, na cidade Cambé- PR, o que se tornaria o Seminário Diocesano de Teologia Dom Virgílio de Pauli, passando os seminaristas a estudar também Pontifícia Universidade Católica do Paraná, cursando Teologia, em Londrina.

 

 

 

 

            

 

6. Nomeação Como Arcebispo da Arquidiocese de Cascavel.

 

A diocese de Campo Mourão passava por um período de estabilidade, e franca expansão no quesito vocacional e unidade clerical, assim como uma boa situação econômica. Até que no ano de 2007, Dom Mauro foi chamado para ser arcebispo de Cascavel, assumindo o lugar de Dom Lucio Baumgartner, que havia aposentado. Ainda em segredo sobre essa situação, Dom Mauro estava em dúvida, pois ele era responsável por dois padres idosos, que com ele residiam, estes padres Josef Kalfues e Josef Kalsing, tinha saúde bem debilitada, mas sem a interferência de Dom Mauro o padre Kalsing decidiu ir residir com sua irmã em são Miguel do Oeste-SC, e os dias para decisão final se aproximavam, mas ainda não havia uma decisão. Até que no dia 28 de agosto de 2007 o padre Josef Kalfues, de 78 anos, foi encontrado morto pelos seminaristas em seu quarto vítima de um infarto fuminante. Dom Mauro então entendeu que os fatos, eram sinais de Deus para pudesse aceitar o convite. No dia 31 de outro de 2007, foi anunciado a sua nomeação como arcebispo de Cascavel, o que causou comoção para os diocesanos de Campo Mourão, mas entendendo a necessidade da igreja para realizar esta transferência. Ficando como Bispo administrador até o dia 24 de janeiro de 2008.

O Papa Bento XVI, se dirigia a Dom Mauro, nos seguintes termos:

 

O Bispo Bento, Servo dos Servos de Deus

 

Ao venerável Irmão Mauro Aparecido dos Santos, até o presente momento Bispo da Igreja de Campo Mourão, eleito Arcebispo Metropolita de Cascavel, saudações e Benção Apostólica. Tendo sempre diante de Nossos olhos o bem espiritual de todos os fiéis, com zelo procuramos fomentar a pregação do Evangelho em toda parte do mundo. Presentemente estamos examinando o melhor caminho espiritual para a Igreja metropolitana de Cascavel, após que o ultimo Bispo dessa Igreja, o Venerável Irmão Lúcio Ignácio Baumgaertner, renunciou do ofício de governa-la. Com este intuito a esta arquidiocese queremos designar o novo Pastor e tu, Venerável Irmão, que efetuaste um trabalho mui proveitoso para o progresso espiritual dos fiéis da grei de Campo Mourão, Nos apresenta adequado para assumir este oficio. Por conseguinte, após o parecer da Congregação para os Bispos, em virtude de Nosso poder Apostólico, uma vez desvinculado da diocese de Campo Mourão, te constituímos Arcebispo Metropolita de Cascavel, outorgamos os devidos direitos e fixadas as correspondentes obrigações. Pressurosamente providenciarás para que tenham conhecimento desta nomeação o clero e a tua grei, ais quais exortamos que todos te recebam como seu Pastor com espirito benévolo e contigo louvem a Deus todo-poderoso, Doador de todos os bens, e prontamente guardem os seus preceitos. Temos firme convicção que, com sintante operosidade e com exemplo de vida cotidiana, conseguirás um considerável progresso espiritual de rua arquidiocese, confiando sempre no Divino Maestro e na Beatíssima sua Madre.

Dado em Roma, junto a São Pedro, no dia treze do mês de Outubro do ano do Senhor dois mil e sete, no terceiro ano de Nosso Pontificado

 

Bento XVI

 

 

 

            No dia 25 de janeiro de 2008, com uma celebração muito festiva, com presença dos padres e seminaristas da diocese de Campo Mourão, que vieram despedir-se do seu antigo pastor, e também os padres seminaristas, religiosos e grande numero de leigos, juntamente com os dois bispos eméritos de Cascavel Dom Armado Círio (primeiro arcebispo), Dom Lucio Baumgartner, e Núncio Apostólico da época Dom Lourenço Buadeserri e também outros bispos, Dom Mauro tomava posse como o terceiro arcebispo da arquidiocese mais importante do oeste paranaense.

 

 

            7. O  Arcebispado em Cascavel

 

            Ao assumir definitivamente, encontrou uma diocese com dificuldades financeiras. Aquele momento ser tornava difícil, pois ainda era visto com descrença, pois um bispo de origem e atitudes humildes, segundo alguns “não seria capaz de colocar nos trilhos uma arquidiocese tão importante”; a isso se somava a falta de recursos financeiros e um divida de 5 milhões junto à prefeitura, ligados a impostos, taxas etc.

            Movidos pelo desejo melhora, Dom Mauro juntamente com os padres da diocese, teve como grande apoiador e amigo nessas horas o Padre Gian Luigi Morgano, que era seu Chanceler na época. Juntos dando passos certeiros e bem planejados, foi organizado uma nova forma de contribuição das paróquias, passando a ser diretamente regida pelo bispo, tendo a contabilidade da arquidiocese centralizada na Cúria Arquidiocesana. Com a articulação feita em conjunto com os padres e negociações com a prefeitura, a imensa divida foi saldada, e foi obtida a concessão de uso das áreas das paroquias por mais 20 anos.

            Foi necessário o resgate da unidade do clero que se encontrava dividida e descentralizada do poder episcopal. De forma simples e firme, esse problema foi sendo superado ao longo dos anos, mostrado o desejo por parte do arcebispo titular, arcebispos eméritos e do clero o desejo no avanço pastoral e de evangelização

            Quanto à questão administrativa, foi necessário ser feita documentação em diversas situações, pois muitas coisas eram exigidas verbalmente pelos antigos arcebispos, mas não havia efetiva realização em algumas situações. Deste modo foram redigidos e publicados decretos, cartas circulares, orientações litúrgicas e pastorais, delegações, pronunciamentos, nomeações, comunicados entre outras atos a fim de organizar melhor a arquidiocese. Estes alguns atos tratam dos seguintes assuntos, descritos em ordem cronológica:

  • Decreto quanto a Centralização da Contabilidade das Paróquias e Seminários, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto a Côngrua dos Presbíteros, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto a Contribuições do claro ao INSS, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto ao Plano de Saúde, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto a Criação do Fundo de Emergência Arquidiocesano, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto a Proibição de Filiações Partidária, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto a Procurações para Párocos e Administradores Paroquiais, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Decreto quanto a Conta bancaria das Capelas urbanas e Rurais, de 01 de fevereiro de 2008;
  • Deveres do Pároco, de 20 de fevereiro de 2008;
  • Carta circular quanto ao Livro Tombo, de 17 de junho de 2008;
  • Recebimento do Palio de Arcebispo, em 29 de junho de 2008;
  • Decreto quanto ao Livros Canônicos, em 14 de outubro de 2010;
  • Orientações Pastorais e Litúrgicas, em 07 de junho de 2011;
  • Orientações sobre a celebração da missa Crioula, em 23 de agosto de 2011;
  • Decreto quanto a Delegações e dispensas, em 28 de agosto de 2011;
  • Decreto quanto a Nomeações do Assessor Jurídico Canônico Arquidiocesano, em 18 de novembro de 2011;
  • Decreto quanto a proibição de Bingos, em 03 de junho de 2013;
  • Decreto quanto a Ereção do Tribunal Eclesiástico Metropolitano de Cascavel, em 25 de fevereiro de 2016;
  • Pronunciamento quanto a Penitenciaria Estadual de Cascavel, em 22 de novembro de 2017;
  • Decreto quanto a Instalação da Ordem Monástica OIKOKALOS em Cascavel, em 20 de fevereiro de 2019;
  • Nomeação do Conselho Econômico Arquidiocesano, em 29 de abril de 2019;
  • Nomeação do Conselho de Formadores do Seminário Arquidiocesano São José, em 29 de abril de 2019;
  • Nomeação dos Padres Coordenadores da Pastoral Presbiteral Arquidiocesano de Cascavel, em 15 de agosto de 2019;
  • Decreto quanto a escala de Adoração ao Santíssimo Sacramento, em 21 de agosto de 2019;
  • Manifestação quanto a Pastoral Carcerária, em 02 de outubro de 2019.

 

Todos esses estão elencados em anexo (em copias).

 

            Nesses 12 anos de episcopado a diocese teve também seus momentos de profunda tristeza como a morte de primeiro bispo e arcebispo de nossa diocese Dom Armando Círio que ocorreu em 11 de agosto de 2014, também a morte do padre Gian Luigi Morgano em 23 de julho de 2016. Também dos padres da congregação dos Passionistas, pioneiros nessa região: Padres Mateus Colucci e Giuseppe Gaglieri.

            Mas os momentos de alegria e realizações forma muitos também como a festa da unidade realizada na comemoração dos trinta anos da arquidiocese, em 31 de agosto de 2008, com a presença dos três arcebispos que ocuparam a cátedra. Ficando conhecida como a festa da unidade arquidiocesana. Também a reforma do Centro de formação Arquidiocesano, conhecido como CAF, que recebeu o nome “Centro de Formação Padre Santo Pellizzer”, em homenagem ao grande desbravador e pioneiro de nossas terras, Padre Santo como é conhecido é dos grandes responsáveis, de toda evangelização, estrutura, construção de paroquias e manutenção do seminário. A homenagem tem direta influencia de Dom Mauro a fim de homenagear Padre Santo. Assim como após a reforma da Cúria, que recebeu o nome do primeiro Bispo Cúria Metropolitana de Cascavel “Dom Armando Círio”, que como conta-se ficou imensamente emocionado e agradecido com a homenagem feita a ele.

 

 

 

            

Também é do período do episcopado de Dom Mauro a reforma do seminário São José, que hoje abriga todas as etapas da formação sacerdotal, morando junto a fim de promover a amizade e integração os seminaristas do propedêutico, filosofia e teologia, não necessitando mais o deslocamento para outras cidades a fim de residir para cursar à formação necessária.  Como ficou conhecido, sendo chamado de bispo das vocações da diocese” já ordenou ao todo 61 padres e 4 bispos, sendo coordenante de um dos padres da arquidiocese, Dom Nélio Zortea, hoje bispo de Jatai-GO. 

            Outro marco do episcopado de Dom Mauro é criação de paroquias, nestes anos foram 11 paroquias erigidas, todas em áreas mais periféricas da cidade, possibilitando aos fiéis maior proximidade com os sacerdotes, e também organização pastoral, descentralizado tomadas de decisões e possibilitando maior participação dos leigos.

            As paroquias erigidas durante o bispado de Dom Mauro, na Arquidiocese de Cascavel, são:

  • Paroquia São Roque, em Santa Lucia,  no dia 13 de agosto de 2006;
  • Paróquia Santa Ana, em Anahy, no dia 31 de janeiro de 2009;
  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Diamante do Sul, no dia 22 de fevereiro de 2009;
  • Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, no Jardim Clarito, em Cascavel, no dia 20 de outubro de 2012;
  • Paróquia São Pedro Apostolo, em Cafelândia, no dia 07 de fevereiro de 2016;
  • Paróquia Nossa Senhora Consolata, no Bairro Consolata em Cascavel, no dia 28 de fevereiro de 2016;
  • Paróquia Santa Cruz, no Bairro Santa Cruz 06 de março de 2016;
  • Paróquia Santa Rita de Cássia, no Bairro Morumbi em Cascavel, no dia 04 fevereiro de 2017;
  • Paróquia Santo Agostinho, no Bairro Floresta em Cascavel, no dia 12 de fevereiro de 2017;
  • Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Faculdade em Cascavel, no dia 03 de fevereiro de 2018;

 

Estas paroquias foram criadas, especialmente na cidade Cascavel, com objetivo para a evangelização das áreas mais periféricas, descentralizando as paroquias, dando maior acesso e opção para participação.

            No ano de 2018, foram comemorados os 40 anos de fundação da diocese, com grande festa e concentração dos fies na catedral arquidiocesana, em dia festivo e de alegria pela bela história construída pelo povo, clero e também efetiva participação do bispo de origem humilde a frente nesses 12 anos.

 


Fonte: www.arquicascavel.org.br